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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vilarinho dos Galegos, uma exclusividade no panorama transmontano ?








Não, de facto não o é e não será de modo nenhum uma situação única no que respeita à presença dos anussim a nível regional.


Trás-os-Montes até pela sua localização geográfica, sempre foi uma espécie de “abrigo seguro” para as suas gentes e uma barreira difícil de transpor até para os próprios emissários do Santo Ofício, não impedindo porém, suas investidas impregnadas de fanatismo em muitas aldeias e vilas transmontanas ao longo dos séculos.
Por lá se instalaram comunidades judaicas, mesmo antes do nascimento de Portugal como nação, e nos finais do século XV, houve uma enorme vinda de judeus de Espanha para toda aquela região fronteiriça.


Chacim, Carção, Vimioso, Orjais, Chaves, Bragança, Mogadouro, Rebordelo, Valpaços e Mirandela, entre outras localidades, e neste caso Vilarinho dos Galegos, são alguns bons exemplos de povoações transmontanas, onde é bem visível ainda a presença judaica em algumas das casas, na gastronomia e nas suas orações religiosas. Se Vilarinho dos Galegos, integrada no concelho de Mogadouro, poderá não ser uma exclusividade histórica, pelo menos é sem dúvida um dos marcos da perseverança e da tenacidade dos anussim em Portugal. Possuidores de tradições e de ritos mais ou menos secretos, eles continuam a perpetuar um pouco a alma e a herança do povo de Israel em terras de Sefarad.


Vilarinho conta hoje com um número de habitantes que não chegará talvez às três centenas, e actualmente por toda aquela região, ainda são conhecidos por “judeus”.






Numa nota final, e para quem aprecia e dá valor à memória de uma população que persiste em salvaguardar a sua cultura, os “Novos Contos da Montanha”, do escritor Miguel Torga, são de facto uma leitura obrigatória para se conhecer este interessante fenómeno, que são os anussim de Trás-os-Montes.