“Informação literária e iconográfica testemunha que o “tambor quadrado”(Adufe), consiste num pedaço de pele curtida esticado sobre uma moldura  quadrada, era um instrumento bastante popular entre mulheres trovadoras  das comunidades judaicas e islâmicas da Península Ibérica medieval.  Devido ao facto do instrumento ser associado às mulheres e às culturas  semitas “infiéis”, a sua representação em bíblias e portais de catedrais  ibéricas dos séculos XII e XIII era, dependendo do contexto,  invariavelmente associada ao judaísmo, ao “Outro” pagão ou ao simbolismo  messiânico. A representação do instrumento na iconografia cristã  medieval é produto de uma prática artística anterior de modernizar e  secularizar os instrumentos musicais mencionados nas escrituras. Uma vez  que o adufe era tocado por mulheres e judeus resolveu-se o problema de  representar um tambor descrito na Torá, um instrumento tocado  maioritariamente por mulheres chamado tof (traduzido na Vulgata como tympanum).  Assim, em manuscritos como a Bíblia de Pamplona, ele é representado na  adoração do bezerro dourado e na “fornicação” das mulheres moabitas,  enquanto o portal da catedral de Burgos o mostra nas mãos de um dos  profetas do Antigo Testamento.”
Fonte: “The square drum as a Semitic and messianic symbol in medieval Spanish iconography”, de Mauricio Molina, City University of New York. Trabalho apresentado na conferência “Music in Art: Iconography as a Source for Music History”. 
