Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Purim de Alcácer Quibir
 


A longa Diáspora dos judeus portugueses, já com de mais de 500 anos, passou também pelo Magreb, mais precisamente por Marrocos.
A expulsão da Península Ibérica dos judeus em finais do séc. XV, veio contribuir naquele país para o nascimento de um novo grupo social, os Megorashim (os expulsos), em oposição aos judeus locais.
Se houve porventura alguma tensão inicial, coisa que é costume sempre que chegam novos forasteiros, o facto, é que ao longo do tempo se foi diluindo as desconfianças e os azedumes, todos eram judeus, todos se deviam unir pelo bem comum.

Agora, o mais curioso de tudo, é que até há pouco tempo se  comemorava na localidade de Alcácer Quibir, uma festa a que chamavam "O Purim de Álcacer", relacionando a derrota do rei português D. Sebastião em 1578, como algo que salvou toda a comunidade hebraica da região, num claro paralelismo com a história de Haman e a rainha Ester da Pérsia. Há nesta celebração ao que parece recitações de poesia, e uma leitura colectiva do acontecimento.

Os judeus marroquinos não celebram a morte dos portugueses, mas sim a derrota da doutrina persecutória de D. Sebastião, que em caso de vitória, levaria sem hesitar o tribunal do Santo Ofício para o norte de África. 


[Dom+Sebastião+-+Vieira+Lusitano.jpg]


Gravura de D. Sebastião


A Batalha de Alcácer-Quibir deu-se a 4 de Agosto de 1578, e teve como resultado a morte do rei  D. Sebastião, bem como a derrota total do exército português. Aliás, o melhor que cá tínhamos na élite da gente de armas, ficou naquele campo de batalha. A derrota, e a crise dinástica que se instalou em Portugal, em 1580, veio originar a criação do mito do Sebastianismo.
(Trágicos foram os 60 anos seguintes que durou a ocupação filipina).