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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Assim escreveu Isaac de Castro...





Estamos em 1662, Amesterdão, aqui se refugiou  Baltasar Oróbio de Castro, nascido em Bragança, mas que aqui, livre de suspeitas e de acusações de cripto-judaísmo, mudará o seu nome para Isaac de Castro.
Sobre o messianismo, temática tão predilecta aos cristãos-novos, Isaac escreverá no seu livro "A Observância da Divina Lei de Moisés", o seguinte:

"...Todos os profetas estão de acordo que quando vier o Messias, Israel Santo cheio de graça, de temor de Deus, viverá na Terra Santa, governada pelo rei filho de David; ele será o seu pastor e o Senhor será seu Deus, e porá o seu santuário em Israel, com admiração das gentes, tal como disse Isaías na sua profecia..."
"...Entre os demais benefícios que fará a seu povo, será um, dar-lhe rei da raça de David, tão santo, tão justo, tão servo de Deus, tão bem amado seu que Israel e as gentes lhe obedecerão, como a ministro de Deus, sem atrever-se nem os israelitas, nem nenhuma nação a prevaricar contra o divino culto, porque ajudado pelo Senhor como instrumento seu, fará destruir os inimigos de Deus..."
O Messias governará então o país de Israel como rei e ministro de Deus, e acrescentou de seguida, "...todas as gentes da Terra o conhecerão e o servirão e virão a Jerusalém a oferecer sacrifícios. O Messias será humilde como Moisés, santo como seus pais Abraão, Isaac e Jacob e David, pobre em espírito; entrará em Jerusalém, não como outros Reis profanos, mas como servo de Deus, cheio de humildade e mostrando que entra como príncipe da paz, sobre um burro, que é o símbolo de paz, como o cavalo é símbolo de guerra..."

Isaac de Castro, (Bragança, Portugal - 1617  Amesterdão - 1687)

Com estes textos alegóricos à esperança e ao retorno a uma pátria que lhes pertencesse, milhares de judeus e cristãos-novos viviam cada dia um dia cheio de fé e de vontade, convictos que o regresso à Terra do leite e do mel estava realmente ao seu alcance, e aí, seriam novamente senhores do seu destino, livres finalmente das grilhetas da madrasta inquisição, livres para sonhar e cumprirem os mandamentos da Torá.
Esta esperança materializou-se só em 1948, aquando do nascimento do estado de Israel. Infelizmente, tarde de mais para muitos desses sonhadores.