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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os judeus sefarditas no império otomano



A expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e a conversão forçada de 1497, em Portugal, produziram a "Diáspora Sefardita", levando judeus a buscar refúgio em terras como as do Norte da África e as do extenso Império Otomano.
Muitos, ansiosamente, aceitaram o oferecimento feito pelo Sultão Bayezid II para se integrarem à vida do Império Otomano. Bayezid II fez questão de favorecer a entrada de judeus e ordenou aos seus governantes para acolhê-los cordialmente.
No século XVI, os judeus expulsos da Boêmia chegaram ao Império Turco-Otomano. Judeus expulsos de Apulia, na Itália, que caíram sob domínio do Papa foram resgatados pelo Sultão Suleiman, o Magnífico, que escreveu uma carta ao Papa, exigindo sua libertação. O Papa cedeu, visto que o Império Turco Otomano era uma grande potência da época.
Os judeus eram protegidos pelo estatuto da Dhmmis (aplicado a não-muçulmanos que pertencessem aos povos do livro – judeus e cristãos), que os relegava a cidadãos de segunda classe, mas garantia sua vida, direito de propriedade e direito de culto.




                                             

Judeus na Turquia



Os judeus encontraram seu espaço em certas profissões que os muçulmanos não tinham interesse em fazer.

No Mediterrâneo, os judeus ibéricos posicionaram-se em núcleos urbanos, compondo uma formidável rede familiar de relações sócio-económicas, que tornou válida a ideia do Mediterrâneo como o "Mar Sefardita" ou o "Mare Nostrum Sephardicum", expresso por alguns historiadores.
Expressando sua opinião sobre a expulsão da Espanha, Bayezid II havia declarado na
ocasião: 
"O rei espanhol Fernando é erroneamente considerado um sábio, pois com a expulsão dos judeus, empobreceu o seu país e enriqueceu o nosso".
 
Era evidente que os otomanos sabiam dos benefícios potenciais da emigração em massa. Aceitavam os judeus parcialmente por interesses económicos. Os judeus da Espanha e de Portugal eram altamente qualificados, educados e grandes homens de negócios.
Bayezid II e seus sucessores, a partir do século XV, acolheram os sefarditas no domínio otomano e valeram-se de seus préstimos e conhecimentos não só para a expansão e desenvolvimento do comércio regional e internacional, mas também para o incremento das finanças, diplomacia, negócios bancários, corretagem e ourivesaria.
Os refugiados de origem ibérica foram designados pelos dirigentes otomanos a importantes cargos político-administrativos, participando, inclusive, da estratégia de colonização de diversas áreas do vasto Império. Os positivos contactos mantidos entre sefarditas e otomanos permitiram que laços de identidade se solidificassem com o tempo, em convivência de mútuo e duradouro respeito. O sistema político-administrativo otomano permitiu às minorias a preservação da religião, do idioma, das tradições e costumes.
A imprensa escrita, trazida para Istambul em 1493, por dois irmãos refugiados da Espanha é um exemplo da sofisticação que os judeus introduziram no Império Otomano.
Muitos consideravam que o Império Otomano lhes proporcionava o portão de entrada para a Terra de Israel. Ainda assim os judeus rapidamente se adaptaram ao renovado sentimento de liberdade e continuaram a se desenvolver culturalmente, financeiramente e espiritualmente.
Citamos como exemplo um dos documentos mais sagrados que apareceu no império, (com a ajuda da imprensa escrita) o Shulchan Aruch, do rabino de origem portuguesa Joseph Caro. Publicado em 1564, continha o código de leis sefarditas.
A literatura judaica revigorou-se. Um importante centro cabalista se firmou em Tzfat. Foram escritas obras como o Shulchan Aruch e a canção " Lechá Dodí".
Os judeus foram proeminentes na medicina da corte (A Sublime Porta, nome poético da corte otomana), na diplomacia e como conselheiros e ministros da corte.
Com o tempo, a população judaica no Império Otomano chegou a 200.000 habitantes, contra apenas 65.000 na Europa. Eles se assentaram principalmente nas cidades de Istambul, Sarajevo, Salônica, Adrianople, Nicopolis, Jerusalém, Safed, Damasco, Cairo, Bursa, Tokat, Amasya e, mais tarde, em Smyrna. A população judaica em Salônica cresceu tanto que os judeus tornaram-se maioria na cidade. Esta cidade se tornou o centro da vida judaica sefaradita. Suas indústrias e o dinamismo de seu porto (desactivado aos sábados), transformaram a cidade de Salônica, numa cidade-líder da rota comercial da indústria têxtil do século XIX.
A maioria dos sefarditas vivia em Istambul, Salônica e Esmirna, perto dos dirigentes otomanos, seus protectores.
Istambul, centro administrativo e comercial do Império Otomano, passagem marítima do Mar Negro e do Mediterrâneo, constituía uma verdadeira praça de câmbios, onde produtos do velho e do novo mundo eram comercializados. Foi nesta cidade que a maior comunidade judaica se organizou. Em 1900 a comunidade de Istambul contava aproximadamente 300.000 judeus.
A decadência otomana e a ingerência do imperialismo europeu em terras do Oriente Médio levaram famílias de negociantes sefarditas, procedentes de Istambul, Esmirna, Ilha de Rodes, Egipto e de outras comunidades a estabelecer-se em terras da Europa Ocidental, em diáspora  a que chamamos de "Retorno ao Ocidente".



Fonte: "Chazit.com"




                                     
                                   Extensão territorial do império otomano.