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quarta-feira, 25 de junho de 2014

David Reubeni




Quem foi David Reubeni ? Um charlatão, um aventureiro, ou apenas e só um príncipe enviado em missão diplomática?  Sua identidade ainda hoje é fonte de controvérsias e de algum mistério.



Reubeni apresentou-se nos circuitos da política europeia do século XVI, como descendente de uma das tribos perdidas de Israel (Tribo de Ruben), depois de uma viagem ao Cairo em 1520, chega a Veneza por volta de 1523, anunciando ser irmão de um príncipe judeu da Arábia, possuidor de um exército de 300 mil judeus, todos descendentes das tribos de Reuben, Gad  e Menasseh.
Em 1524 foi para Roma, onde entrou em contacto com um judeu proeminente, o banqueiro Daniel Pisa, que o ajudou a conseguir uma audiência como o Papa Clemente VII, (resultado de quem possuía conhecimentos nos círculos restritos da politica romana).
Foi-lhe concedida a audiência, onde este judeu misterioso propôs ao líder da cristandade ocidental, a ideia mirabolante de uma expedição conjunta de um grande exército de judeus e cristãos, para a libertação da Terra Santa dos Turcos Otomanos.
Admirado ou quiçá fascinado pela personalidade do forasteiro, o certo é que o Papa lhe deu uma carta de apresentação ao rei de Portugal, país visto no século XVI com temor e admiração no mundo, tanto por aliados como pelos seus adversários mais hostis.
Reubeni chegou a Portugal em 1525, sendo recebido pelo rei D. João III em Almeirim.






Entretanto, os conversos ibéricos, cientes da notícia da recente chegada de Reubeni a Portugal,  ligam o facto da sua presença com a iminente reunião das dez tribos perdidas de Israel, facto inspirador da manifestação do Messias e símbolo de libertação para todo o povo de Israel. 
A agitação é tão grande, que até o nosso Diogo Pires, jovem cristão-novo e secretário de D. João III, por vontade própria e assumindo os inevitáveis riscos, regressa à religião dos seus antepassados, realizando a circuncisão e adoptando o nome de Salomão Molko.

Ou porque as coisas não correram bem entre Reubeni e Molko, ou porque sentiram perigo para as suas vidas enquanto permanecessem em Portugal, ambos acabaram por sair do país, viajando por caminhos separados.





David Reubeni, de Arthur Szyk.



O português partiu para a Grécia (Salónica), onde de dedicou ao estudo da Cabala, já Reubeni foi para Avignon, será detido e depois libertado em 1530.
Um e outro acabam por retornar à Itália, traçando objectivos diferentes. Surpreendentemente, Molko é recebido no Vaticano, recebendo do Papa uma carta de protecção, que estipula que: "não deve ser molestado por ninguém sob qualquer autoridade".
Entretanto, Reubeni passava por dificuldades entre a comunidade judaica de Roma, que viam nele uma fonte de sérios problemas e com o qual queriam distância.
Em 1532, Molko e Reubeni voltam a estar juntos, com o intuito de apresentar os planos ao Imperador Habsburgo Carlos V, relativamente a uma aliança judaico-cristã, para a libertação dos lugares sagrados em Jerusalém, planos que desejam apresentar pessoalmente ao imperador em Ratisbona.
As coisas não correram bem devido à forte oposição de vários quadrantes, tantos religiosos como políticos, e por isso, ambos são presos e julgados pela Inquisição.
Molko morre na fogueira em Mântua, no ano de 1532, David Reubeni foi enviado para uma cárcere espanhola e julgado também pela Inquisição em Llerena, onde acabará por falecer em 1535/41.
 



Fontes:

Eliav-Feldon, Miriam. "identidades inventadas:. credulidade na Era da Profecia e Exploração" Journal of Early Modern History 3, não. 3 (1999): 203-232.
Elior, Rachel. "As expectativas messiânicas e espiritualização da vida religiosa no século XVI." Revue des Etudes Juives 145, não. 1 (1986): 35-49.
Lenowitz, Harris. "O Messias da Inquisição: David Reuveni e Shlomo Molkho" em Messias judeu: da Galileia para Crown Heights, (Oxford University Press, 2001), 93-124.
Marcus, Jacob O judeu no Mundo Medieval:. Um Sourcebook, 315-1791, New York: JPS de 1938.
"David Reubeni (1522-1525)." Em judeus viajantes, editado por Elkan Nathan Adler. London: Routledge G. & Sons, 1930, 251-328.

www.jewishencyclopedia.com/articles/12707-reubeni-david
jewishhistory.research.wesleyan.edu/ii-cultural-trends/4-messianic-movements/a-shlomo-molkho-and-david-reuveni/