(Setembro de 2013)
É minha intenção primordial fazer deste blog um repositório das tradições, costumes, factos e curiosidades sobre os judeus sefarditas em Portugal, e consequentemente também da restante Península Ibérica. Honremos sem complexos ou temores de qualquer ordem o nosso passado, para assim melhor conhecermos o presente e o nosso futuro, como pessoas e como nação.
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terça-feira, 30 de julho de 2013
No sábado, vigília...
(placa da sinagoga grande de Lisboa, conservada no Museu Abraham Zacuto, cidade de Tomar)
“No sábado, vigília de santo André, visitei a sua
sinagoga. Nunca tinha estado nestes templos. Num pátio que está diante dela
cresce uma grande parreira, cujo tronco mede quatro palmos de perímetro. O
interior, adornado com extrema beleza, tem uma cátedra ou púlpito para pregar
ao estilo das mesquitas, ardiam dez enormes candelabros com cinquenta ou
sessenta luzes cada um, além de muitas outras lâmpadas, e as mulheres estão
colocadas em lugar separado do dos homens, alumiado de igual modo por uma
profusão de luzes”.
Por Maria José Ferro Tavares
“As Judiarias de Portugal”. Lisboa: CTT-Correios de
Portugal. 2010, página 33.
Trata-se de um resumo do relato de viagem por
Espanha e Portugal, nos anos de 1494 e 1495, intitulado “Itinerarium sive
peregrinatio pur Hispaniam, Franciam et Alemanaim”, do médico alemão Jerónimo
Munzer, descrevendo a sinagoga grande de Lisboa, que pelo relato desta testemunha da época, seria um templo com certeza magnificente.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
domingo, 28 de julho de 2013
Curiosidade
Convento de Monchique - Foto de Paulo Araújo
O Convento da Madre de Deus de Monchique de Miragaia era feminino, pertencia à Ordem dos Frades Menores, e à Província de Portugal da Observância.
Em 1533, foi fundado, no sítio de Monchique (local onde existia uma sinagoga, em pleno território da judiaria) na freguesia de Miragaia, fora dos muros da cidade do Porto.
No ano seguinte, terminou a construção do edifício (...)
Ler mais em: http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2013/07/
(Enviado por João Santos)
Uma burguesia...
(...) Uma burguesia,
cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal,
sem palavras,
sem vergonha,
sem carácter,
havendo homens
que, honrados (?) na vida íntima,
descambam na vida pública
em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia,
da mentira à falsificação,
da violência ao roubo,
donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro(...)
Guerra Junqueiro
in "Pátria", 1896
sexta-feira, 26 de julho de 2013
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Curiosidade
O acontecimento deu-se em final de Quatrocentos, e trata-se de uma inquirição devassa feita a Abraão Levi, por este ter afirmado que "Santa Maria fora judia e Jesus Cristo sapateiro ou alfaiate, que Deus era um e faziam dele três, e que nehuum nom o avia de ver, ou seja: estamos perante uma expressão irónica e mordaz, efectuada por uma judeu português acerca do Messias dos cristãos como filho de Deus, do dogma da Trindade e da Ressurreição, algo na época perigoso para quem o proferisse em voz alta.
Fonte: Maria José Ferro Tavares
"Os Judeus em Portugal no século XV". Volume I.
terça-feira, 23 de julho de 2013
Estela funerária
Os cemitérios, adros, jazigos ou almocavares dos judeus, sempre exteriores à judiaria e ao circuito amuralhado do concelho, seriam profanados e as suas lápides retiradas e reutilizadas, como sucedeu ao cemitério da comuna de Lisboa.
(...)
Poucas sobreviveram e muitas delas chegaram até nós porque foram objecto de uma reutilização cristã.
(...)
Estelas funerárias no Museu Municipal Leonel Trindade.
(A estela representando as Tábuas da Lei, a segunda a contar da esquerda - primeira fila)
Museu Municipal
Já mais rara em Portugal e na Península Ibérica, era a representação das Tábuas da Lei, como encontrámos numa estela existente no Museu Leonel Trindade em Torres Vedras que, segundo sabemos, é única na Península (...) .
de Maria José Ferro Tavares
(Doutorada em História Medieval na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa)
"Os Judeus em Portugal no século XV", Volume I, página 34.
Fotos: Câmara Municipal de Torres Vedras e de Carlos Baptista
Souto de Moura desenha museu da cultura sefardita em Bragança
Lusa 19/07/2013 - 21h23
Arquitecto vai projectar espaço que ficará num edifício contíguo ao Centro de Arte Contemporânea Graça de Morais, da sua autoria.
Souto de Moura
A cidade de Bragança vai ter no próximo verão um novo espaço cultural, projectado pelo arquitecto Souto de Moura, com a história da cultura sefardita do Nordeste Transmontano, anunciou esta sexta-feira a autarquia local.
O projecto foi apresentado numa cerimónia que serviu para oficializar o protocolo entre Câmara de Bragança e a Rede de Judiarias de Portugal para os conteúdos do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano. O espaço foi projectado por Souto Moura, no edifício contíguo ao Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, também da autoria do arquitecto português distinguido com o prémio Pritzker.
Bragança
A entrada para os dois espaços culturais será conjunta, segundo explicou o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, sublinhando o “reforço da oferta cultural” da cidade com mais este investimento de 1,2 milhões de euros. O autarca a credita que esta aposta “engrossará a fileira do turismo” com motivos de interesse para “aqueles que querem conhecer a arquitectura e o grande arquitecto português Souto de Moura, mas também para a comunidade sefardita espalhada pelo mundo”.
O centro terá conteúdos interactivos que vão dar a conhecer aos visitantes o que foi a presença sefardita nesta região. “Ajudará a conhecerem um povo que aqui se fixou, que desenvolveu social e economicamente esta região, que foi inovador, teve de partir daqui em condições adversas e que conseguiu chegar aos lugares mais avançados do mundo e se afirmou”, disse, apontando os exemplos dos médicos Jacob de Castro Sarmento e Oróbio de Castro.
Este novo espaço poderá fazer de Bragança “o centro de um futuro roteiro do judaísmo em Trás-os-Montes”, adiantou o secretário-geral da Rede de Judiarias de Portugal, Jorge Patrão. Outros municípios da região estão a desenvolver trabalho com vista à criação de uma rota do judaísmo em Trás-os-Montes e, para Jorge Patrão, este pode ser o início de um projecto mais vasto que ajude a valorizar a herança judaica espalhada pelas aldeias e a própria região.
“Podem despovoar as nossas terras, podem depauperar a economia do Interior do país, podem levar todos os interesses para o litoral, mas há uma coisa que não podem tirar às nossas terras, que é a sua história e a sua identidade”, considerou.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
A frase da semana
"As varas do poder, quando são muitas, elas mesmo se comem, como famintas sempre de maiores postos."
Padre António Vieira
domingo, 21 de julho de 2013
Torah regressa 500 anos após a expulsão dos judeus de Portugal
O Sefer Torah vai ser recebido em Trancoso, no Centro de Interpretação da Cultura Judaica, hoje, dia 21 de Julho. A cerimónia é organizada pela Câmara Municipal de Trancoso através do Centro de Interpretação da Cultura Judaica “Isaac Cardoso”.
Via: Eterna Sefarad
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Sugestão
À conquista do Castelo
Muralha e recito interior do Castelo
O Castelo dos Mouros, na serra de Sintra, remonta ao período do domínio islâmico e às conquistas de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
O visitante actualmente beneficia de melhores condições de acesso e de um novo espaço de acolhimento e de interpretação do monumento, após um período de intervenção em todo o espaço histórico.
Castelo dos Mouros, um local que merece sem dúvida uma visita mais atenta.
Cemitério cristão medieval e silos no acesso ao Castelo
Cisterna
Silos e porta com arco em ferradura, do período islâmico
Casa dos Cavaleiros, século XII
Fotos de Rafael Baptista
Trancoso - Judiaria - Um Museu vivo da presença Judaica
A antiga Judiaria de Trancoso é um museu vivo onde ainda se respiram tempos quando os judeus a habitaram desde um passado recuado no apressado deambular da vida medieval com suas artes , ofícios e saberes, foi esta gente de nação que deu vida e marcou definitivamente a vida ,a sociedade e a economia trancosenses, eram alfaiates, tanoeiros, sapateiros, tecelões, albardeiros, correeiros, ferreiros, latoeiros, mercadores, tratantes, físicos, filósofos, poetas, que deixaram marcas .
Judiaria - Fotografia de Luís Liberal - www.panoramio.com
Janelas de uma casa em Trancoso
O Centro de Interpretação Judaica Isaac Cardoso, que integra a sinagoga Beit Maim Haim- Casa das Águas Vivas, ergue-se no coração no bairro judeu para perpetuar este legado histórico.
O antigo bairro judeu encerra memorias de perseguições, inquisições e conversões forçadas que inscrições cruciformes e outras marcas nos umbrais das portadas do casario não deixam esquecer . Tempos de orações em segredo, de dupla identidade, de medos e de esperanças.
de José Levy Domingos
Jornalista e investigador do judaísmo em Portugal
quarta-feira, 17 de julho de 2013
A frase da semana
"Ninguém se arrogue a pretensão de viver, sempre, dias interessantes, dignos de menção. Era o que faltava !"
Luíz Pacheco
(Escritor, editor e crítico literário)
terça-feira, 16 de julho de 2013
Jornadas de Cultura
Dias 16 a 31 de Julho em Rota (Cádiz - Espanha)
Tendrán lugar unas Jornadas de Cultura Sefardí organizadas por la Asociación Cultural Yehudá HaLevi que se extenderán desde el 16 hasta el 31 de julio, en el Palacio Municipal Castillo de Luna. El día 16 a las 20,30h tendrá lugar la inauguración con una recepción en el Salón Multiusos Palacio Municipal Castillo de Luna, e inaugurando la exposición fotográfica “Retratos: Vidas al Azar”, de Ana Escalera. Hasta el 26 de julio habrá una ruta gastronómica con Tapa Sefardí en varios bares de Rota. Los días 19 y 20 de julio, de 20,30 a 22h: Taller de danza israelí con la profesora Sandra Neimann en el Salón de Actos Torre de la Merced. Los días 19 al 21, de 19 a 20h: Curso de hebreo esencial con Sandra Neimann en el mismo sitio. Desde el 21 hasta el 24: Cine en la Casa de Cultura, con la proyección de las películas israelíes Las estrellas de Shlomi (día 21), Islas perdidas (día 22), Al final del mundo, gira a la izquierda (día 23) y A simple vista (día 24). El día 25 julio a las 20,30h, en el Salón Multiusos Palacio Municipal Castillo de Luna, se dictará la conferencia “El Cancionero de Abraham Israel (Gibraltar, 1761-1770), o la aventura de investigar sobre los sefardíes” por la Dra. Paloma Díaz Mas (CSIC). Y para terminar, el 28 julio a las 21h en el Patio del Castillo de Luna, Charla-Concierto “Todos a Cantar Música Sefardí” por Jorge Rozemblum, director de Radio Sefarad.
(Carta de Sefarad)
Sampaio Garrido, o outro “Justo” português
Carlos de Almeida Fonseca Sampaio Garrido, embaixador de Portugal em Budapeste entre 1939 e 1944, é também ele um “Justo entre as Nações” pela sua acção de protecção e salvamento de judeus húngaros. A distinção, decidida em 2 de Fevereiro de 2010, pelo Yad Vashem - Autoridade Nacional para a Memória dos Mártires e Heróis do Holocausto criada em 1953 pelo Estado de Israel - Até hoje, foram distinguidos 23.788 homens e mulheres de quarenta e cinco países cujos nomes estão gravados no Memorial dos Justos no Yad Vashem: eles lembram para todo o sempre a coragem da compaixão numa época em que grassava o medo e a indiferença, a denúncia e a colaboração. Simbolizam, também, a gratidão do povo judeu por aqueles que contribuíram para o seu salvamento.
O embaixador Carlos Sampaio Garriro
Sampaio Garrido chegou a Budapeste em Outubro de 1939. Na Hungria propriamente dita e nos territórios anexados ao abrigo da aliança com a Alemanha nazi, viviam perto de 800 mil judeus. Mas, apesar da legislação anti-judaica decretada pelo regente Miklos Horthy, a maioria atravessou esses anos de guerra em relativa segurança. No entanto, depois da derrota dos exércitos alemães em Estalinegrado, Horthy tentou retirar-se da aliança com a Alemanha. A resposta foi rápida e brutal: a 19 de Março de 1944, Hitler invadiu a Hungria e nomeou um novo governo mais fiel chefiado por Dome Sztojay. A acompanhar as suas tropas veio Adolf Eichmann encarregado de aplicar a “Solução Final” na Hungria. As consequências não se fizeram esperar: confisco de bens e propriedades, proibição de posse de rádios e telefones, uso obrigatório da estrela amarela, encerramento em guetos e acima de tudo deportação entre 15 de Maio e 9 de Julho de perto de 450 mil judeus, na sua maioria para Auschwitz, onde mais de metade foi gaseada logo à chegada. “Uma operação massiva, sem paralelo nos anais da Shoah” considera Avraham Milgram, autor de “Portugal, Salazar e os judeus”.
Teixeira Branquinho
Na Hungria operavam na época cinco representações diplomáticas de países neutrais que incluíam a Suécia, a Suíça, Portugal, Espanha e Turquia, para além da Cruz Vermelha e o Vaticano. Em consequência da invasão nazi da Hungria, os aliados levaram a cabo o bombardeamento de Budapeste, levando o governo húngaro a ordenar às embaixadas dos países neutros que alugassem casas fora da cidade para se protegerem. Sampaio Garrido alugou uma vivenda em Galgagyörk, a 60 km da cidade, onde sem informar Salazar, escondeu doze judeus entre os quais se encontravam cinco membros da família Gabor – parentes da actriz Zsa Zsa Gabor. Mas já antes tinha vindo a alertar sobre a perseguição aos judeus, tomando a iniciativa de os proteger antes mesmo da mobilização no mesmo sentido dos diplomatas dos países neutros e sem o apoio de Salazar. Em consequência dessa atitude, no dia 28 de Abril às 5h da manhã, a residência oficial de Portugal em Galgagyörk foi assaltada pela Gestapo húngara: os hóspedes foram presos e levados para o posto da policia central de Budapeste, assim como o próprio Garrido. Sem se intimidar, o diplomata resistiu corajosamente à acção da polícia e exigiu de imediato a libertação dos detidos assim como um pedido de desculpas. Com base na sua actuação, Sampaio Garrido tornou-se persona non-grata para o governo húngaro que exigiu a sua partida da Hungria. Em sua substituição Salazar nomeou o encarregado de negócios Alberto Carlos de Liz-Teixeira Branquinho que chegou a Budapeste em Junho de 1944.
Tropas alemães na cidade de Budapeste - 1944
Sampaio Garrido não voltou logo para Portugal. A 5 de Junho parte para Berna levando consigo a sua secretária judia e onde continuou a orientar o encarregado de negócios no apoio aos judeus, nomeadamente enviando-lhe listas com nomes para os quais pedia assistência e asilo na legação de Portugal. Sempre em relação com Garrido, Branquinho obteve de Salazar a autorização de atribuir passaportes portugueses a judeus húngaros na condição destes terem uma relação familiar, cultural ou económica com Portugal. Ao todo foram concedidos por Portugal cerca de 1000 documentos de protecção, dos quais 700 passaportes provisórios sem indicação de nacionalidade portuguesa, conforme exigência de Salazar para que mais tarde a não pudessem reclamar.
Membros húngaros do partido da Cruz Flechada, na detenção de judeus
Outubro/Dezembro de 1944
Fotografia - US Holocaust Memorial Museum
Juntos, e cada um à sua maneira, Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho foram sensíveis ao sofrimento dos judeus húngaros e souberam aproveitar com coragem e inteligência as considerações de realpolitik de Salazar que o levaram sobretudo na fase final a alinhar pela política dos países neutros numa altura em que a vitória estava já claramente do lado dos aliados. Como refere Milgram, o objectivo de Salazar não era tanto ajudar os judeus, mas “ganhar pontos políticos com vista ao futuro”. Mas os dois diplomatas souberam traduzir essas considerações tacticistas numa operação de salvamento que beneficiou mais de mil judeus húngaros. O título de “Justo entre as Nações” é largamente merecido por Sampaio Garrido e devia, em minha opinião, ser extensivo a Teixeira Branquinho. A história nunca se repete da mesma maneira. Mas numa Europa em crise profunda onde por todo lado renascem os “verdadeiros patriotas”, o exemplo destes dois homens mostra que o realismo político não é incompatível com a ética e a moral. Pelo contrário, sem estas não passa de tacticismo oportunista e rasteiro que hoje é infelizmente a norma.
de Esther Mucznik
Via: http://www.yadvashem.org/
domingo, 14 de julho de 2013
Orando a branco e preto
O último exílio judaico está ligado à destruição do Segundo Templo e, por isso, a dispersão dos judeus pelos quatro cantos da Terra.
O Kotel (Muro das Lamentações) lembra-nos diariamente esse acontecimento ocorrido no século I e.c., mas também ele é, por si mesmo, um símbolo da presença e da esperança de todo um povo. Povo esse, que manteve desde sempre uma ligação a este lugar, perpetuando até hoje as tradições milenares ligadas à terra de Israel.
O Kotel na actualidade - Abba Richman
Ano - 1859/60
Mulheres rezando junto ao Muro, 1891
Judeus no Kotel em 1896
Ano - 1899
1905
Ano - 1920
1942
Hoje, milhares de judeus e não judeus visitam
este lugar único.
Via: Safed - Tzfat (Março de 2011)
sexta-feira, 12 de julho de 2013
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