"Kotel",
pintura de Alex Levin
É minha intenção primordial fazer deste blog um repositório das tradições, costumes, factos e curiosidades sobre os judeus sefarditas em Portugal, e consequentemente também da restante Península Ibérica. Honremos sem complexos ou temores de qualquer ordem o nosso passado, para assim melhor conhecermos o presente e o nosso futuro, como pessoas e como nação.
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sexta-feira, 29 de junho de 2012
Judiarias de cá...
Judiaria de Torres Novas
Torres Novas parece ter tido povoamento judaico desde o ínicio do século XIV, uma vez que as autoridades municipais reconheceram nas Cortes de Elvas de 1361, o despovoamento do concelho por motivo de pestes e fomes, relatando que a judiaria desta localidade era apartada e lá viviam muitos judeus.
“Dizeis que nessa vila há judiaria apartada em
que moram peça de judeus,
os quais não têm carniceiro
entre eles que lhes talhem as carnes que hão-de
comer como costume…”
Igreja de Santiago
Esta judiaria estaria localizada no exterior da cerca velha, entre Valverde e a Rua Direita, ligando com as Praças Velha e Nova, bem próxima da igreja de Santiago.
Nos finais do século XV, a sua população aumentou e à judiaria foi autorizado a permissão para alargar a casa das Toras da sinagoga, e adquirir a casa que lhe estava anexa, para abrir nela uma porta.
A sinagoga estaria situada a meio da Rua da Judiaria, sendo que as casas que compunham esta comuna, eram pertença das Confrarias de Santa Maria dos Anjos e de Jesus.
Após o ano de 1496, a judiaria passou a designar-se Vila Nova.
Ficaram alguns vestígios na topónimia, ligados há presença dos judeus:
"Vale de Judeus" (o cemitério), ou os "Rabis", junto à Golegã.
Fonte: "As Judiarias de Portugal", edição dos CTT, de Maria José Ferro Tavares
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Cidade de Faro
Numa
iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Faro e do Centro Histórico Judaico
de Faro, finalmente será assinalado a introdução da Imprensa em Portugal, 525
anos depois.
Samuel Gacon Imprimiu o Pentateuco a 30 de Junho de 1487. A comemoração será no dia 1 de Julho de 2012 (próximo Domingo) a partir das 9:30h em Faro.
Samuel Gacon Imprimiu o Pentateuco a 30 de Junho de 1487. A comemoração será no dia 1 de Julho de 2012 (próximo Domingo) a partir das 9:30h em Faro.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
Conferências - Espanha
A lo largo de un ciclo de conferencias mensuales ofrecidas por destacados especialistas de la esfera internacional, se revelarán aspectos de la vida y cultura de los judíos andalusíes a partir de un testigo de excepción: los manuscritos hallados en la Gueniza de El Cairo a finales del s. XIX. El ciclo culminará en el mes de diciembre con una exposición entorno a esta colección, que contará con más de treinta manuscritos relativos a los judíos andalusíes, así como fotografías y piezas ilustrativas del hallazgo y características de la colección.
Benjamin Outhwaite – 7 de marzo
Zvi Stampfer – 2 de abril
Mark Cohen – 7 de mayo
Amir Ashur – 4 de junio
Mordechai A. Friedman – 2 de julio
Amira Bennison – 10 de septiembre
Peter Cole – Adina Hoffman – 1 de octubre
Michael Rand – 5 de noviembre
Zvi Stampfer – 2 de abril
Mark Cohen – 7 de mayo
Amir Ashur – 4 de junio
Mordechai A. Friedman – 2 de julio
Amira Bennison – 10 de septiembre
Peter Cole – Adina Hoffman – 1 de octubre
Michael Rand – 5 de noviembre
Cesar Merchan-Hamann – 3 de diciembre
Las conferencias tendrán lugar en Sefarad-Israel a las 19.30 en las fechas señaladas.
Las conferencias tendrán lugar en Sefarad-Israel a las 19.30 en las fechas señaladas.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Adonai, Adonai: Os últimos marranos de Trás-os-Montes
Mogadouro, final da década de 80. Na
pequena aldeia raiana de Vilarinho dos Galegos, a dois passos de Espanha, os
últimos marranos de Trás-os-Montes saem da obscuridade e afirmam uma fé que se
viram obrigados a mascarar durante cinco séculos. Relato de um Portugal que já
não existe.
Poema em Ladino
La Mujer Pesimista
Era una kazalina, de edad muy avansada,
Kortava lenya de la montanya, estava kansada,
En su espalda la trayiya, en akel sol fuerte,
Respirava kon difikultad, arogava su muerte.
"Me muerere i eskapare de esta mala vida,
En el sol, en el friyo, en la luvya i kada diya,
Kon mis pyernas ke me tremblan, me matan estos kargos,
Fin kuando yo poedere azer estos kaminos largos?"
Echo lo de su espalda por deskansarse un poko,
De leshos una solombra viniya a poko a poko,
En vyendo esta kara feya tuvo grande espanto,
Empeso a azer orasyones a su Dyo Santo.
" Yo so la muerte, vine presto para ke kon mi vengas,
Me yamates para eskapar i repozo ke tengas.
"Ken? Yooo? No senyor" diziya en tremblando i yorando,
I kon sus manos flakas se estuvo aharvando.
"Yo esto kontente de mi vida, es verdad, me kanso,
Ma a todos mis dezeyos fasilmente los alkanso.
Yo keriya muncho ke uno venga por ayudarme,
Bushkava un ombre a ke venga una mano darme,
So aedada, este kargo lo tengo muy pezgado,
Tengo dolores en la espalda, dolores en el lado.
Keriya kargar la lenya i a mi kabana yirme.
Esto sin fuersas en mi kama kero arebivirme."
Se alevanto, koryo kon su pezgo, komo fuyirse,
No pensava mas a su kanserya, ni a su tuyirse,
Una boz le diziya: "Kontentate kon tu suerte,
La vida es dulse, nunka aroges por tu muerte,
Mas vale estar bivyendo ensima de esta tierra,
Ke de toparte estirada debasho de una piedra."
Kortava lenya de la montanya, estava kansada,
En su espalda la trayiya, en akel sol fuerte,
Respirava kon difikultad, arogava su muerte.
"Me muerere i eskapare de esta mala vida,
En el sol, en el friyo, en la luvya i kada diya,
Kon mis pyernas ke me tremblan, me matan estos kargos,
Fin kuando yo poedere azer estos kaminos largos?"
Echo lo de su espalda por deskansarse un poko,
De leshos una solombra viniya a poko a poko,
En vyendo esta kara feya tuvo grande espanto,
Empeso a azer orasyones a su Dyo Santo.
" Yo so la muerte, vine presto para ke kon mi vengas,
Me yamates para eskapar i repozo ke tengas.
"Ken? Yooo? No senyor" diziya en tremblando i yorando,
I kon sus manos flakas se estuvo aharvando.
"Yo esto kontente de mi vida, es verdad, me kanso,
Ma a todos mis dezeyos fasilmente los alkanso.
Yo keriya muncho ke uno venga por ayudarme,
Bushkava un ombre a ke venga una mano darme,
So aedada, este kargo lo tengo muy pezgado,
Tengo dolores en la espalda, dolores en el lado.
Keriya kargar la lenya i a mi kabana yirme.
Esto sin fuersas en mi kama kero arebivirme."
Se alevanto, koryo kon su pezgo, komo fuyirse,
No pensava mas a su kanserya, ni a su tuyirse,
Una boz le diziya: "Kontentate kon tu suerte,
La vida es dulse, nunka aroges por tu muerte,
Mas vale estar bivyendo ensima de esta tierra,
Ke de toparte estirada debasho de una piedra."
Haim Vitali Sadacca (Montreal, Canadá)
Via: Tarbut Sefarad
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Datas que nunca foram feriados
14 de Agosto de 1385
De Junho de 1494
20 de Maio de 1498
24 de Agosto de 1820
26 de Maio de 1834
Momentos houve na História de Portugal, tão relevantes como
o 5 de Outubro e o 1º de Dezembro (na Calha para deixarem de ser feriados), e
que nunca foram obejcto de essencial comemoração.
14 de Agosto de 1385
A maior das vitórias
Foi através do surpreendente triunfo na Batalha de
Aljubarrota que Portugal conseguiu garantir por muitos anos a independência
politica.
22 de Agosto de 1415
O começo da aventura ultramarina
A Conquista de Ceuta, aqui do outro lado do estreito de Gibraltar,
foi o primeiro passo de uma expansão que alcançaria terras japonesas.
Portugal, superpotência mundial
A assinatura do Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e a
Espanha, repartiu o planeta pelos dois estados ibéricos.
20 de Maio de 1498
A Viagem que mudou o mundo
Antes da chegada de Vasco da Gama à Índia o mundo estava
dividido em compartimentos estanques; neste dia começou a “aldeia global”
22 de Abril de 1500
Nasce o “Imenso Portugal”
Com a “descoberta” do Brasil por Pedro Álvares Cabral,
Portugal passou a ter o tamanho de um continente. Se a língua e a matriz lusas
têm peso no mundo, é sobretudo graças ao gigantesco “país irmão”
13 de Fevereiro de 1668
O verdadeiro dia da Restauração
Se o 1º de Dezembro em sido até agora feriado nacional, já o
mesmo não sucedeu nunca com a data em que Espanha reconheceu definitivamente,
pelo verdadeiro Tratado de Lisboa, a independência portuguesa.
24 de Agosto de 1820
Chegam as ideias Novas
A revolta liberal do Porto (também conhecida por Revolução
de 1820) pôs em andamento as ideias da Revolução Francesa, já antes
transportadas na bagagem dos invasores napoleónicos.
26 de Maio de 1834
O triunfo do liberalismo
A assinatura da Convenção de Evoramonte pôs termo à guerra
civil entre absolutistas e liberais e instaurou um regime democrático que
duraria mais de 90 anos.
de Nuno Dias Freitas
"A Santa Inquisição", por Oliveira Martins
" (...) Cordões de tropa impediam que o povo invadisse, na praça, o recinto reservado ao Auto.
Havia ali,
para um lado, afastadas, as pilhas de madeira, rectangulares, com o
poste erguido ao centro e um banco; e no meio da praça um espaço
reservado com o estrado e as tribunas.
Na da esquerda
estava o rei, D. João III, piedosamente satisfeito na sua fé, com o
espírito duro, mas sincero e forte; estavam a rainha e a corte; e, ao
lado do monarca, o condestável com o estoque desembainhado.
Na outra, da
direita, levantavam-se o trono e dossel do cardeal D. Henrique, depois
rei, e agora infante inquisidor-mor, ladeado pelos membros do tribunal
sagrado, nos seus bancos.
A meio do
tablado ficava o altar, com frontal preto, banqueta de seda amarela, e
um crucifixo ao centro. Em frente, num plinto, erguia-se o estandarte da
Inquisição. (...)
E os padecentes, em linhas, ficavam de pé, voltados para o altar, para o púlpito, para o tribunal.
Disse-se
missa. O inquisidor-mor, de capa e mitra, apresentou ao rei os
Evangelhos, para sobre eles jurar e defender a fé. D. João III e todos,
de pé e descobertos, juraram com solenidade sincera. Depois houve
sermão; e finalmente a leitura das sentenças, começando pelos crimes
menores.
A adoração das imagens, questão debatida nos concílios, dava lugar a muitas faltas.
Outros iam ali por terem recusado beijar os santos dos mealheiros, com que os irmãos andavam pelas ruas pedindo esmola.
Outros por
irreverências, outros por falta de cumprimento dos preceitos canónicos;
muitos por coisa nenhuma; a máxima parte, vítimas de delações pérfidas
ou interessadas.
Os relatores
iam lendo as sentenças, os condenados gemendo, uns, e chorando; outros
exultando por se verem soltos do cárcere, livres da tortura, prometendo
de si para consigo serem de futuro meticulosamente hipócritas.
.
Chegou-se
finalmente aos condenados à morte, no fogo: eram três mulheres por
bruxas, e dois homens, cristãos-novos, por judaizarem, mais um por
feiticeiro.
O relator, imperturbável, leu as sentenças, onde se narravam os crimes.
Os
cristãos-novos comiam pães ázimos; e um deles, quando varria a casa,
chamava nomes a um crucifixo, fazia-lhe caretas, e dava-lhe tantas
unhadas quantos eram os golpes de vassoura no chão.
Estes crimes
vinham envolvidos em frases horrorosas e generalidades tremendas; e a
corte, o clero e o povo, ao ouvirem tão grandes sacrilégios, pasmavam de
ódio contra os desgraçados.
.
A feitiçaria não os impressionava menos.
Cristãos-novos
e bruxos, que lançavam malefícios e olhados, eram a causa das pestes,
das fomes e dos naufrágios das naus da Índia.
Sobre as cabeças dos desgraçados caíam as maldições de uma população aflita. Ninguém duvidava da verdade dos crimes, que muitas testemunhas afiançavam.
O diabo
aparecera a um, e ensinara-lhe as curas infernais, pelo livro de S.
Cipriano. Sangrava os doentes na testa, com alfinetes. "Estou picado e enfeitiçado: Jesus! nome de Jesus! despicai-me e desenfeitiçai-me!" - dissera uma vítima a um padre da Beira.
Os diabos, para se vingarem, foram a casa do padre e quebraram-lhe toda a louça.
Um caso terrível era esse; e o povo olhava com horror para o médico de S. Cipriano, que tinha a loucura evidente na face.
.
Às bruxas o diabo aparecia de dia sob a forma de um gato preto, e, de noite, de forma humana de homem pequeno; assim o dizia gravemente a sentença, com o depoimento das testemunhas.
A bruxa saía
com o demónio e iam juntos a um rio, onde as outras estavam com outros
demónios; e depois de se banharem tinham coito com circunstâncias
lascivas e abomináveis; a sentença enumerava-as e a devassidão da corte e
do povo percebia-as, comentava-as.
De volta ao sabbath, de madrugada, as bruxas entravam invisivelmente nas casas, perseguindo as famílias honestas e piedosas.
Terminada a
leitura, absolvidos os penitentes, os cristãos-novos e as bruxas foram
relaxados ao braço secular para serem queimados.
O rei, a corte e o inquisidor retiraram-se; e os sinos continuavam a dobrar, pausada e funebremente.
Os carvoeiros
de alabardas, os verdugos de capuzes, e os frades de escapulário e
crucifixo na mão, ficaram junto dos condenados para os queimar.
O povo cercou
em massa o lugar das pilhas quadrangulares de lenha, com os olhos ávidos
e a cabeça cheia de cóleras contra esses réus das suas desgraças.
Todos, menos o bruxo, morreram piedosamente, garrotados, depois queimados.
.
O médico de S. Cipriano, porém, tinha culpas maiores e fora condenado a ser queimado vivo.
Junto da
pilha, o frade, com as mãos postas, pedia-lhe que, por Deus, se
arrependesse; mas ele, com o olhar esgazeado do louco, virava a cara e
zombava.
Largando a correr pela escada, subia à pilha, e, do alto, sentado no banco, fazia esgares e visagens irreverentes.
O frade batia nos peitos, a plebe rugia colérica.
Os verdugos amarraram-no ao poste e os carvoeiros acenderam a fogueira, que principiou a crepitar.
Os rapazes e as mulheres da Ribeira, salteando-o com paus e garrunchos, arrancaram-lhe um olho. Atiravam-lhe pedras, pregos, e tudo; e faziam-lhe feridas por onde escorria sangue: tinha a cabeça aberta e um beiço rasgado.
.
Entretanto, a
chama começava a romper por entre os toros; e ele com as mãos,
estorcendo-se, dava no fogo, querendo apagá-lo; e quando via, com o olho
que lhe restava, vir no ar uma pedra, fazia rodela ou escudo com a
samarra, para se livrar. Do vão do outro olho escorria pela face um fio
de sangue.
.
Isto já durava por mais de uma hora e divertia muito o povo - agora que tinha a certeza de ver morrer o seu inimigo.
Mas o vento,
que soprava rijo do poente, da banda do rio, arrastava consigo as
chamas; e por não ter fumos que o afogassem, o condenado ficou três
horas vivo, a torrar, agonizando, contorcendo-se, em visagens, e
gritando - ai!... ai!... ai!...".
.
Oliveira Martins - História de Portugal - 1.ª ed. - 1879
segunda-feira, 18 de junho de 2012
sexta-feira, 15 de junho de 2012
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La comunidad judía de al-Andalus, autora de una magnífica producción intelectual durante la llamada “Edad de Oro”, es la protagonista de un nuevo proyecto organizado por Maria Angeles Gallego (CSIC) y Miriam Wagner (University of Cambridge) en el Centro Sefarad-Israel.