O interesse por parte do capitão Barros Basto em motivar os descendentes de judeus, para assumirem a sua real identidade religiosa e exorcizar o medo.
(...) Um adversário nobre e leal tem o direito sempre ao respeito do seu antagonista (...). Todo aquele que, para não ser perturbado na sua digestão, se entrega a uma doblez de carácter, só merece dos combatentes das várias crenças o desprezo (...)
em Ha-Lapid (1928), nº 14
Artur Carlos de Barros Basto nasceu em Amarante, no dia 18 de Dezembro de 1887. Devido à separação dos pais será educado pela mãe, mulher devotada ao catolicismo. No entanto o contacto com o seu avô parece que cedo o influenciou, pois o seu avô deu-lhe a conhecer a descendência judaica da família e ensinou-lhe a doutrina hebraica.
Em 1906 vai cumprir o serviço militar a Lisboa e começa a frequentar a sinagoga de Lisboa onde não é aceite.
Irá participar nos movimentos políticos lisboetas, pelo lado dos republicanos e participará na Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910.
Depois da Revolução irá dedicar-se a actividades espirituais.
Em Fevereiro de 1917 parte para a Flandres onde vai combater na 1ª Guerra Mundial. Aqui vai subir rapidamente na carreira militar, recebendo várias condecorações e sendo promovido a capitão em 1918. Será a sua permanência na França que o pôs em contacto com a comunidade judia francesa e o decidiu por esta religião. Em 1920 viaja para Tânger onde é admitido no seio da sua grande comunidade judaica e é submetido à circuncisão e recebe o nome hebraico de Abraão Israel Bem Rosh.
Em 1921 casa-se com Lea Montero Azancot, descendente de uma família judaica
da Comunidade Israelita de Lisboa.
Barros Basto lança a primeira pedra para a Sinagoga do Porto
Em 1922 é nomeado director da prisão militar do Porto. No Porto funda a Comunidade Israelita do Porto em 1923. A partir daqui procura que o Porto se torne o centro da comunidade nortenha e que seja aqui construída uma sinagoga.. Será ele que irá ajudar a organizar as várias comunidades judaicas no norte de Portugal (ex: Bragança, Guarda, Covilhã, Pinhel, Belmonte, etc.).
Sinagoga Kaddorie Mekor Haim (fonte da vida).
Inaugurada no Porto a 16 de Janeiro de 1938.
À medida que Barros Basto se vai tornando conhecido e o seu trabalho a favor do judaísmo vai dando frutos, começam a surgir reacções anti-semitas. Alguns padres protestam contra a construção da sinagoga e nas igreja atacam Barros Basto chamando à sinagoga “Casa do Diabo” e acusando Barros Basto de ser homossexual por presidir à circuncisão de jovens judeus. Estas acusações ganharão um tal impacto que Barros Basto será levado a Tribunal em 1936. Porém, o Tribunal não deu como provadas as acusações. Em seguida, é o próprio exército que lhe moverá um Processo no Tribunal Militar, acusando-o de enquanto estava no quartel de Bragança ter tido práticas homossexuais. Mesmo sem ter conseguido provar as acusações, o Tribunal condena-o a afastar-se do exército em 1937.
Barros de Basto criou em Portugal em 1940 uma organização para acolher os judeus em fuga do racismo de Hitler. Alguns jornais católicos como “A Voz” e “As Novidades”, simpatizantes da política hitleriana acusavam Barros Basto de ser comunista e querer acabar com a paz religiosa e a moral cristã portuguesas. Acusavam-no de promover actividades revolucionárias contra o Estado ao criar uma organização para receber pessoas perigosas para a paz em Portugal. O jornal “A Voz”, chamava a atenção para “a necessidade de evitar que criassem raízes no nosso solo as ervas daninhas que Adolfo Hitler arrancara da terra alemã e que para cá se vão transplantando à mistura com outro elemento honesto que constituía uma reduzida minoria.”
A derrota da Alemanha na 2ª Guerra Mundial em 1945 iria acabar com estes ataques mas o nome de Barros Bastos não viria a ser reabilitado no exército, tendo permanecido expulso até à sua morte em 1961.
Fontes: http://pt.cyclopaedia.net/wiki/Artur_Barros_Basto
http://www.catedra-alberto-benveniste.org/_fich/15/Pagina_299-312.pdf
pt.wikipedia.org
http://ruadajudiaria.com