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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Figuras e factos




João Pinto Delgado (Portimão, 1580 - Amesterdão, 23 de Dezembro de 1653).




Cidade de Portimão


João Delgado foi poeta português, reputada figura da poesia cripto-judaica do século XVII.

Aos vinte anos deixa  o Algarve e muda-se juntamente com a família para Lisboa, com a finalidade de seguir os estudos e prosseguir o seu ideal no campo literário. 
Portugal vive nessa época sob o domínio espanhol, e por isso é natural o contacto com obras de autores espanhóis como: Herrera, Góngora e Luis de León, que na altura circulavam sob a forma de manuscritos. Apesar de existirem alguns dos seus poemas em língua portuguesa, o grosso da sua obra foi originalmente escrita em castelhano.
No ano de 1624 parte para Rouen, juntando-se aos seus pais, que tinham escapado à Inquisição portuguesa, cidade onde seu pai chega a ser um dos líderes da comunidade judaica ibérica ali instalada. Em Rouen, João Pinto Delgado publica uma colecção de poemas que viria a consolidar a sua reputação como poeta: " Poema de la Reyna Ester - Lamentaciones del Profeta Ieremias. Historia de Rut, y varias Poesias".






Viviam-se tempos difíceis, e embora longe do seu país o longo braço do Santo Ofício, desta vez espanhol, enviava um emissário a Ruan para investigar os cripto-judeus em França, e mais uma vez a família de João Pinto Delgado partiu, primeiro para a Antuérpia e depois para Amesterdão.
Nesta cidade holandesa o poeta português assumirá abertamente o seu judaísmo, passando a chamar-se de Moisés Pinto Delgado.





Sinagoga portuguesa de Amesterdão



Entre 1636 e 1640, torna-se um dos sete líderes da Yeshiva Talmude Torah de Amesterdão.
Nas "Lamentaciones del Profeta Ieremias", Moisés Delgado empreende uma dissertação sobre as tragédias na história de Israel, apresentando a visão de que o povo judeu é o primeiro responsável pelo seu sofrimento, por ter falhado em completo os seguimentos da Lei de Moisés. Tema bastante recorrente da literatura marrana, talvez pela consciência de culpa em relação ao não cumprimento da sua própria observância religiosa judaica, disfarçada com a capa de catolicismo.
Sua poesia reflecte a noção que a Inquisição seria um instrumento de D´us para trazer os marranos de volta à sua fé ancestral.




Fontes: http://topatudo.blogspot.pt/Blogue Eterna Sefarad e Rua da Judiaria