“Aristides
Sousa Mendes” é homenageado em Trancoso de 25 de Abril a 10 de Junho através de
uma exposição fotográfica evocativa da vida e obra do Cônsul de Portugal em
Bordéus que desobedecendo a ordens do Chefe do Governo, António Oliveira Salazar
emitiu vistos consulares que salvaram mais de 30 mil pessoas, sobretudo judeus,
das perseguições e campos de morte nazis da II Guerra Mundial.
O
Presidente do Município, Júlio Sarmento sublinhou que, “ao promover esta mostra,
a Câmara Municipal de Trancoso e a TRANCOSO EVENTOS – Entidade Empresarial
Municipal EEM pretendem dar conhecer, sobretudo aos mais novos, a personalidade
humana, o empenho de um português em defesa da Vida e da Liberdade mesmo não
acatando as ordens que Salazar lhe dera, atitude que resultou na sua
destituição, em sucessivas injustiças mas que determinaram para sempre a sua
identificação como uma das mais destacadas personalidades
portuguesas”.
Recordou
que a maioria dos que salvou das garras do III Reich de Adolf Hitler entraram em
Portugal pela fronteira de Vilar Formoso.
Aristides
de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu em Cabanas de Viriato, Carregal do
Sal (Viseu) a 19 de Julho de 1885 e faleceu em Lisboa a 03 de Abril de
1954).
Era
filho de José de Sousa Mendes, terminou a carreira de juiz no Tribunal da
Relação de Coimbra. A mãe, Maria Angelina do Amaral e Abranches, também da
região, descendia da “Casa de Midões”, uma Casa com tradições “Liberais”.
Aristides de Sousa Mendes tinha um irmão gémeo, César, e um irmão mais novo,
José Paulo
Foi
Cônsul de Portugal em Bordéus no ano da invasão da Franca pela Alemanha Nazi na
Segunda Guerra Mundial.
Cursou
Direito na Universidade de Coimbra, juntamente com seu irmão César, tendo sido
um dos seis melhores estudantes do seu curso. Depois de se licenciar, em 1907,
com 22 anos, fez o estágio de advocacia, tendo defendido alguns casos no início
da sua carreira.
Em
1910, ainda durante a monarquia, Aristides e César ingressaram na Carreira
Diplomática. Aristides exerceu funções como Cônsul de Carreira na Guiana
Britânica, em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos Estados Unidos,
(San Francisco e Boston), em Espanha (Vigo), no Luxemburgo, na Bélgica e,
finalmente, em França (Bordéus).
Casado
com sua prima direita Maria Angelina, em 2009, a família de Aristides de Sousa
Mendes foi crescendo a par da sua carreira diplomática. Assim, quatro dos seus
filhos nasceram em Zanzibar, dois no Brasil, dois nos Estados Unidos, um em
Espanha, dois na Bélgica e três, perfazendo o total de 14, em Portugal.
Valorizando a presença da família, Aristides de Sousa Mendes optou por nunca
dela se separar, assegurando a educação dos seus filhos, em todos os países por
onde passou. Assim, para além da educação académica, todos tiveram acesso a
aulas de pintura, desenho e música.
Facilmente
fazia amizades. Em Zanzibar, por exemplo, o Sultão foi padrinho de dois dos seus
filhos. O Rei Leopoldo da Bélgica terá dito uma vez em público: “ah, voilà mon
ami, le Consul Général du Portugal!” Durante os 9 anos em que viveu na Bélgica,
Aristides de Sousa Mendes conviveu com o dramaturgo Maeterlinck, Prémio Nobel da
Literatura, assim como com Albert Einstein, que “lá foi a casa”, em 1935, quando
deixou a Alemanha.
Aristides
Sousa Mendes desafiou ordens expressas do seu ministro dos Negócios
Estrangeiros, António de Oliveira Salazar, (cargo ocupado em acumulação com a
chefia do Governo) e concedeu 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados
de todas as nacionalidades que desejavam fugir da Franca em 1940. Salvou, Assim,
dezenas de milhares de pessoas do Holocausto, dos quais mais de 10 mil judeus.