Açores - Conferência internacional quer «resgatar» património histórico e cultural judaico
A conferência internacional que reúne a 5 de Março em Ponta Delgada especialistas nacionais e estrangeiros pretende resgatar o património histórico-cultural das comunidades judaicas nos Açores e colocar o arquipélago nos roteiros do turismo genealógico.
«A verdade científica é que temos uma concentração de 13,4 % de carga genética judaica ainda hoje nas nossas populações e esta é uma presença muito forte», afirmou Graça Castanho, directora regional das Comunidades, em declarações a propósito da Conferência Internacional sobre a Herança Judaica nos Açores, onde será apresentado um roteiro com a história, vestígios e manifestações judaicas na região.
Graça Castanho salientou que as primeiras famílias de judeus chegaram aos Açores «integradas nos primeiros grupos de povoadores e as últimas no século XIX», entre as quais a família Bensaude, que tem património em quase todas as ilhas do arquipélago e é actualmente uma das mais importantes na região.
«Quando os judeus foram expulsos de Portugal muitas famílias escolheram os Açores como porto seguro. Esta é uma realidade muito interessante, ainda que possa ser pouco conhecida», frisou.
A conferência internacional que decorre no início da próxima semana em Ponta Delgada pretende «resgatar o património judaico que marcou o destino dos Açores desde a chegada das primeiras famílias, ao nível do comércio, indústria e negócios».
«Há uma presença que precisa de ser preservada, escrita e reescrita para que a história dos Açores se complete», defendeu Graça Castanho.
Nesse sentido, a reunião vai abordar questões históricas como «a data da chegada das famílias, as razões da sua vinda, o tempo de permanência, o património edificado e os vestígios e referências da presença judaica no arquipélago, essencialmente em São Miguel, Terceira, Faial e Pico».
No primeiro dia, entre outras, estão previstas intervenções de Miguel do Espírito Santo, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, no Brasil, e Joseph Levi, professor na George Washington University, nos EUA, estando também prevista a apresentação do roteiro da herança judaica nos Açores, elaborado por Fátima Sequeira Dias, da Universidade dos Açores.
No segundo dia, os participantes vão visitar vários locais ligados à presença judaica em São Miguel.
Recorde-se que a nível nacional, a Rede de Judiarias cresceu de nove para 23 municípios num ano. Formada em Março de 2011, a rede agrupa municípios de todo o país e seis entidades regionais de turismo com o objectivo de valorizar o património judaico.
De acordo com a última listagem de aderentes, ainda sujeita a actualização com novas adesões em curso, fazem parte da rede os municípios de Alenquer, Belmonte, Castelo de Vide, Évora, Freixo de Espada à Cinta, Guarda, Lamego, Penamacor, Sabugal, Torres Vedras, Trancoso e Tomar.
Integram-na ainda as entidades regionais de turismo do Alentejo, Algarve, Douro, Lisboa e Vale do Tejo, Oeste, Serra da Estrela e a Comunidade Judaica de Belmonte.
