Joshua Benoliel. (1873-1932).
Joshua Benoliel nasceu em Lisboa, em 13 de Janeiro de 1873 e viria a falecer também em Lisboa, em 03 de Fevereiro de 1932. Era Judeu, descendente de uma família hebraica que se instalara em Gibraltar. Foi um fotógrafo e jornalista, considerado como um pioneiro da reportagem fotográfica em Portugal. Fez a cobertura jornalística dos grandes acontecimentos da sua época, acompanhando os reis D. Carlos e D. Manuel II nas suas viagens ao estrangeiro, assim como a Revolução de 1910, as revoltas monárquicas durante a Primeira República, assim como exército português que combateu na Flandres durante a Primeira Guerra Mundial. As suas fotografias caracterizam-se pelo intimismo e humanismo com que abordava os temas.
Embora se tenha vinculado, ao longo da sua carreira, principalmente às publicações da Empresa de "O Século", colaborou em muitos outros periódicos, tanto no âmbito nacional como no internacional. A sua produção representa um privilegiado testemunho histórico, pois acompanha a fase de transição entre a Monarquia e a República, retratando muitas das personalidades de um e do outro regime, mas sem nunca deixar de captar instantâneos da população, em que se destaca o cariz humanista que soube imprimir às cenas.
Chafariz do Rato em 1907 - Joshua Benoliel.
Greve das varinas, início do século XX.
Arquivo Municipal de Lisboa (Arquivo fotográfico)
Relativamente ao histórico dos documentos fotográficos desta série, os seus primórdios estão assentes exclusivamente em depoimentos orais esparsos, mas que, em síntese, informam terem sido incorporados no Serviço de Fotografia do Jornal "O Século" mediante compra efectuada ao filho do fotógrafo, Judah Benoliel, dentro de uma campanha mais vasta de vendas que ele fez de parcelas da produção paterna, em datas que não se conseguem precisar. A favor do acerto destas afirmações está o hábito que se sabe notório, de os antigos fotógrafos, mesmo que estivessem ao serviço de terceiros, acumularem consigo as respectivas matrizes, a par de se constatar que a produção de Joshua Benoliel se encontra hoje realmente dispersa por várias instituições e inclusive, no caso daquilo que existe na Torre do Tombo, por mais de um fundo.
Teatro da Trindade entre 1909 e 1911 - Joshua Benoliel.
Aguadeiros (1912) - Joshua Benoliel.
Arquivo Municipal de Lisboa
Familiares de soldados mortos em França a caminho da igreja dos mártires,
onde se realizaram as exéquias religiosas, (1918) - Joshua Benoliel.
Arquivo Municipal
Somente a partir de 1987, é possível encontrar bases mais sólidas para a história da série, graças a uma sequência de ofícios e de outros registos que comprovam a presença física deste extenso conjunto constituído exclusivamente por negativos, proveniente das instalações da extinta EPJS, na Direcção-Geral da Comunicação Social, então subordinada à Presidência do Conselho de Ministros. Esta documentação acompanhou, por sua vez, a incorporação de todo o acervo fotográfico da EPJS no Centro Português de Fotografia . CPF (criado em 1997), que ficou sob a guarda de um seu arquivo dependente, o Arquivo de Fotografia de Lisboa - AFL, até à extinção deste, em 2007, e a imediata passagem do seu inteiro património à responsabilidade do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
(Texto enviado por João Santos, a quem desde já
deixo os meus sinceros agradecimentos).
Fontes:
- Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa
- Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Imagens:
- Joshua Benoliel
Via: http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/