É minha intenção primordial fazer deste blog um repositório das tradições, costumes, factos e curiosidades sobre os judeus sefarditas em Portugal, e consequentemente também da restante Península Ibérica.
Honremos sem complexos ou temores de qualquer ordem o nosso passado, para assim melhor conhecermos o presente e o nosso futuro, como pessoas e como nação.
domingo, 31 de março de 2013
Aldeia de Sambade quer ajudar a criar rota dos judeus em Trás-os-Montes
Alfândega da Fé, 28 de Março (Agência Lusa)
A aldeia de Sambade, em Alfândega da Fé, quer contribuir para a criação da rota dos Judeus em Trás-os-Montes e dinamizar o turismo cultural e religioso com o legado da comunidade judaica que ali viveu há 400 anos.
O ponto de partida para esse trabalho é o livro "os Marranos de Trás-os-Montes: judeus novos na diáspora: o caso de Sambade".
O município apoia os projectos da maior aldeia do concelho que, de acordo com a investigação que deu origem ao livro, albergava, no século XVII, "uma laboriosa comunidade de cristãos-novos que tornavam florescente a indústria de tecidos de linho, lã e seda, comunidade que foi desmantelada pela Inquisição em uma verdadeira operação de limpeza étnica".
Via: Revista Visão
DIÁRIO DAS CORTES GERAES E EXTRAORDINARIAS DA NAÇÃO PORTUGUEZA.
NUM. 47
SESSÃO DO DIA 31 DE MARÇO DE 1821
(O documento é reproduzido com a grafia da época)
DECRETO.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituintes da Nação Portugueza, Considerando que a existencia do Tribunal da Inquisição he incompativel com os principios adoptados nas Bases da Constituição, Decretão o seguinte:
1.° O Concelho Geral ao Santo Officio, as Inquisições, os Juisos do Fisco, e todas as suas dependencias, ficão abolidos no Reyno de Portugal. O conhecimento dos Processos pendentes, e que de futuro se formarem sobre causas espirituaes, e meramente ecclesiasticas, he restituido á Juriadicção Episcopal. O de outras quaesquer causas de que conhecião o referido Tribunal, e Inquisições, fica pertencendo aos Ministros Seculares, como o de outros crimes ordinarios, para serem decididos na conformidade das Leys existentes.
2.° Todos os Regimentos, Leys, e Ordens relativas á existencia do referido Tribunal, e Inquisições, ficão revogadas, e de nenhum effeito.
3.° Os bens, e rendimentos, que pertencião aos dictos estabelecimentos, de qualquer natureza que sejão, e por qualquer titulo que fossem adquiridos, sejão provisoriamente administrados pelo Thesouro Nacional, assim como os outras rendimentos publicos.
4.º Todos os Livros, e tudo Manuscriptos, Processos findos e tudo o mais que existir nos Cartorios do mencionado Tribunal, e Inquisções, serão remettidos á Bibliotheca Publica de Lisboa, para serem conservados em cautela na Repartição dos Manuscriptos, e inventariados.
5.° Por outro Decreto, é depois de tomadas as necessarias informações, serão designados os ordenados que ficarão percebendo os Empregados que servirão no dicto Tribunal, e Inquisições.
A Regencia do Reyno assim o lenha entendido, e faça executar. Paço das Cortes 31 de Março de 1821. –Hermano José Braancamp do Sobral, Presidente – Agostinho José Freire, Deputado Secretario – João Baptista Felgueiras, Deputado Secretario.
quarta-feira, 27 de março de 2013
"O bom exemplo", cartoon de Henrique Monteiro
Vestígios e memórias do passado
Lorca - Espanha
Município na província e comunidade
autónoma de Múrcia
Os vestígios do antigo bairro judeu estão situados no interior do castelo de Lorca, até agora, as pesquisas arqueológicas detectaram 12 edifícios, que juntamente com a sinagoga englobavam a respectiva judiaria local.
A Aljama hebraica adaptou-se à inclinação natural do terreno, sendo que os vestígios das escavações estão divididos em quatro terraços, a partir da linha da parede que separa a zona do Alcázar da zona da Judiaria.
As ruas, essas são irregulares encaixando-se perfeitamente no sistema de terraços, cujo o ponto central é sinagoga de Lorca.
Sinagoga de Lorca.
Peças encontradas durante as escavações.
Esfera de bronze do século XV. Museu Arqueológico Municipal de Lorca.
Via: blogue Eterna Sefarad
www.regmurcia.com/http://www.lucesdesefarad.com
domingo, 24 de março de 2013
O legado musical
A música sefardita faz parte de um legado espiritual e cultural que Sefarad deixou ao mundo.
Apreciar a sua dimensão e alcance, é acima de tudo honrar a herança dos judeus sefarditas.
Chag Pessach Sameach !!!
sábado, 23 de março de 2013
Efeméride
23/03/1490
Há 523 anos foi publicado a obra de Moisés ben Maimon (Maimónides), o Mishneh Torah, um trabalho que engloba um conjunto de leis judaicas mencionadas na Torah, escrito pelo famoso filósofo, médico e rabino no século XII.
Fonte: Revista Morashá
sexta-feira, 22 de março de 2013
Vestígios e memórias do passado
"Assim como meu corpo está seco,
Meus beiços lavados,
Meu sangue derretido,
Assim me outorgueis Senhor o que vos pido".
Oração cripto-judaica encontrada no processo de Maria da Costa, filha de Brites Lopes e de António da Costa.
Uma pesquisa levada a cabo pela investigadora Maria Fernanda Guimarães.
Via: Almocreve - Um retrato das gentes de Carção (2008).
Procurando as suas raízes...
José Rodrigues dos Santos descobre raízes
judaicas em Carção
José Rodrigues dos Santos é uma figura sobejamente conhecida do público português. Jornalista e principal pivot no noticiário das 20h00 da Rádio Televisão Portuguesa, é também ensaísta e romancista, sendo o escritor contemporâneo em Portugal com mais edições vendidas.
quinta-feira, 21 de março de 2013
Lançamento literário
Lançamento do livro "Casa Romana:
Museu de Mértola".
Hoje, dia 21 de Março pelas 17h30
na Biblioteca Municipal de
Mértola.
Textos de Cláudio Torres, Lígia Rafael e Virgílio Lopes.
Via: Portugal Romano
Hipnotizando...
O programa de ajuda económica a Portugal não falhou caríssimos cidadãos, longe disso.
Estamos a cumprir totalmente com os nossos objectivos, ou seja, transformar num curto prazo este país em terra queimada.
Vítor Gaspar
(Astrólogo e pantomineiro)
terça-feira, 19 de março de 2013
Bater no fundo...
Bater no fundo é uma expressão que ouvimos frequentemente quando se pretende concluir que já não existe mais espaço para se ir mais além, para que alguma coisa ou acontecimento possa piorar ainda mais. Temos escutado isso mais vezes do que gostaríamos, em Portugal, quando alguém se quer referir ao estado do país e ao seu ambiente económico e social, mas a verdade é que descobrimos que, afinal, o fundo não passa de um fundo falso a que se seguem sucessivamente novos fundos falsos. (...)
Ler mais no Blogue Ab-Integro
Rota do Judaísmo na Revista do National Geographic
O refúgio beirão
Um trabalho elaborado por Paulo Jorge Carmona e António Luís Campos, na revista de Março do National Geographic, focando a Beira Interior e a presença dos judeus nesta região de Portugal.
Judeus e cristãos-novos é o tema para cinco páginas desta famosa e conceituada revista.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Exposição em Toledo
Dois músicos judeus tocando saltérios beliscados.
(Instrumento musical de cordas)
Imagem retirada do blogue Eterna Sefarad.
Instrumentos musicais sefarditas.
Exposição "Harmonias de Azul e Ocre, Ritmo Festivo Sefardita", uma realização do músico Paco Díez, com uma selecção de instrumentos musicais que de alguma maneira estão ligados à música sefardita.
Até dia 23 de Abril no Centro Cultural San Marcos. Toledo - Espanha.
(Carta de Sefarad)
domingo, 17 de março de 2013
Curiosidade
Rio Seco - Castro Marim
Lenda da Fonte do Judeu Morto
Próximo do Rio Seco, em Castro Marim, distrito de Faro, há uma pequena localidade chamada de Fonte do Judeu Morto.
A gente mais idosa da povoação conta, que em
tempos antigos um homem "muito mau", a quem
chamavam o Judeu, ao querer saltar de pés juntos
um poço de um lado ao outro, caiu lá dentro e
morreu afogado.
Daí a origem do nome desta localidade algarvia.
Via: http://www.lendarium.org
sexta-feira, 15 de março de 2013
Concertos dos Melech Mechaya
Dia 23 de Março em Ourém
Cine - Teatro Municipal
Dia 5 de Abril em Tomar
Cine - Teatro Paraíso
No inferno metido...
"No inferno metido,
Da inquisição dura,
Entre os cruéis leões do capricho,
De ali me redimiste,
Dando a meus males cura,
Só porque arrependido me viste."
David Abenatar Melo
Século XVI, poeta, filósofo e teólogo da gente da nação, nascido no Alentejo em Fronteira, distrito de Portalegre, com o nome de baptismo de Fernão Álvaro Melo.
Detido pela Inquisição de Évora, torturado, consegue fugir para a Holanda no ano de 1613, tornando-se mais tarde rabino da Sinagoga Portuguesa de Amesterdão.
Fonte: Archive for the "Poesia e Literatura" Category, do Blogue da Rua da Judiaria
quinta-feira, 14 de março de 2013
Sugestões literárias
Livro de Giuseppe Marcocci e José Pedro Paiva, "História da Inquisição Portuguesa" - 1536 - 1821", da Editora Esfera dos Livros.
Dom Abravanel
Biografia de uma das figuras ímpares do Renascimento português, Isaac Abravanel.
Obra de Benzion Netanyahu, edição Tenacitas com a valiosa parceria da Rede de Judiarias de Portugal, apoio: Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto Benveniste".
Fonte: Cátedra de Estudos Sefarditas "Alberto Benveniste"
Pintores portugueses
Moita Macedo
quarta-feira, 13 de março de 2013
Concerto
Concerto de música sefardita, sábado, dia 23 de Março, pelas 18h00.
Com a cantora Tamar Cohen, filha da musicóloga Judith Cohen, acompanhada pelo guitarrista Dennis Duffin.
Centro de Interpretación Judería de Sevilla
Curiosidade
"Sua Majestade (Filipe III de Portugal, IV de Espanha), tem a obrigação de não admitir memoriais e mandar pôr perpétuo silêncio às pretensões dos homens da nação (...)
(...) É um profundo engano afirmar que a perda e a restauração do negócio no reino de Portugal nasceu e há-de renascer pela residência e actividade da gente da nação."
Desenganem-se. Aliás, se com a falta de cristão-novos o reino estiver menos rico, em compensação está mais católico(...)."
Francisco de Castro (Inquisidor-mor, num texto de 1630)
Gente da Nação - Um dos nomes atribuídos em Portugal para designar os judeus, e após 1496 os conversos.
Assim disse ele...
(Rabino Akiva, ilustração da Hagadah
de Mântua, Itália – 1568)
"tUDO É FORNECIDO, MAS O HOMEM TEM O LIVRE ARBÍTRIO."
rABINO aKIVA
terça-feira, 12 de março de 2013
Vestígios e memórias do passado
Esta Ketubah (contrato de casamento judaico que confere as obrigações do marido para com a sua esposa), pertenceu ao casamento entre Moshe Saba e Shabi Lua, realizado na cidade de Zamora, Espanha, no ano de 1447.
Documento que nos informa que pelo menos a família Saba, já se encontrava naquela localidade muitos anos antes da expulsão de 1492.
O rabino Abraham Saba após a expulsão veio para Portugal.
Ketubah redigida em Zamora em 1447. Está digitalizada na Biblioteca Nacional de Israel.
Referência: KET 8* 901/839.
Via: Zamora Sefardí
Música sefardita
segunda-feira, 11 de março de 2013
A frase da semana
"Tu, de quantos dragões o inferno encerra,
És o pior, inveja pestilente !
Morde a virtude, ao mérito faz guerra
Teu detestável, teu maligno dente."
Manuel Maria Barbosa du Bocage
(Sonetos, tema - Inveja)
domingo, 10 de março de 2013
Oração sobre Pessach
Com o Pessach a aproximar-se, é mais do que justo lembrar os nossos cripto-judeus, que arriscando as suas vidas e bens, mantiveram secretamente a identidade de uma fé e de um povo.
Esta oração de Pessach de cripto-judeus portugueses, foi recolhida no Museu Judaico de Belmonte, por Adriana Jacobsberg.
"A quatorze de lua
Do primeiro mez do anno
Parte o Povo do Egypto,
Israel meu ermano.
As cantigas que vão cantando
Ao Senhor vão louvando,
Onde nos trazes Moíses,
Aqui neste despovoado,
Onde não há pão nem lenha,
nem nunca pastou o gado ?
Louvamos ao alto, Senhor,
Que é o senhor do nosso cabo
Lá vem Moíses com a sua vara alçada,
A bater no mar selado.
Abriu-se o mar em doze carreiras,
Passará o meu povo em salvo.
O meu povo em salvo passou,
Para onde o Senhor mandou,
Por seu santo real mandado.
O Senhor criou quatro elementos:
Céu e terra, noite de dia.
Sendo tão concebidas,
Tão altos e tão subidas,
Todas quantas ellas são:
Aqui não há que negar,
Pode por e tirar,
Fazer almas tornar.
Pae nosso poderoso
Que nos haveis de perdoar,
Assim como perdoaste a el Rei David
O seu pecado de Bersabé,
Faça-nos, Senhor, tão grande mercê,
Perdoai-me também a mim
E a todo o povo de Israel,
Por onde for e viver.
Amem, Senhor.
Fonte: Revista Hineni, Comunidade Shalom, pág. 12 (Abril de 2010/Iyar 5770).
sexta-feira, 8 de março de 2013
Shabat Shalom !!!
Pintura de Rafael Romero
Noticia sobre o conjunto cerâmico do século XIII no contexto do bairro judeu de Coimbra
Em Fevereiro de 2011 fiz alusão neste blogue a uma intervenção arqueológica levada a cabo na antiga judiaria de Coimbra, dando particular relevo ao relatório que consequentemente seria divulgado ao público.
Passados dois anos, tive acesso às conclusões dos achados encontrados no antigo bairro judeu de Coimbra.
A realização do acompanhamento arqueológico da obra de repavimentação e remodelação de infraestruturas da Rua Corpo de Deus/Largo da Capela da Sª da Vitória (Coimbra), da responsabilidade cientifica de Sara Almeida e Susana Temudo (GCH), proporcionou a identificação de testemunhos arqueológicos, no patamar sobranceiro ao Largo da Capela, que implicaram a execução de uma escavação arqueológica de emergência, sobre cujos os resultados incide a presente divulgação.
A área em questão coincide precisamente com a localização da antiga judiaria da cidade de Coimbra, implantada, em época medieval, no exterior da linha de muralha, na encosta noroeste. A documentação disponível situa, no século XII, aí o referido bairro, sabendo-se que terá permanecido neste local até ao século XIV, aquando da deslocalização para a Judiaria Nova, nos arrabaldes junto à Rua Direita.
Lareira encontrada na unidade habitacional - Rua Corpo de Deus
Os trabalhos promovidos, na sequência do reconhecimento de vestígios arqueológicos, revelaram a existência de uma construção de carácter doméstico, composta por dois compartimentos, parcialmente escavados na rocha de base e preservados sob o arruamento actual. As estruturas encontravam-se conservadas apenas a sudeste (e baixo da cota do substrato rochoso confinante), verificando-se que a edificação do actual muro de contenção da Rua que delimita o Largo da Capela, truncou a sua extremidade noroeste, perdendo-se assim a possibilidade de recuperar a configuração planimetrica integral desta antiga parcela urbana.
No que concerne ao panorama estratigráfico documentado, a natureza construtiva da estrutura (semi-enterrada), restringiu ao interior dos compartimentos os depósitos associados, enquadrando-se estes em três categorias: níveis de ocupação continuada, níveis de aterro, níveis de destruição/de estrutura.
A análise circunstanciada do espólio arqueológico exumado nos contextos acima descritos permitiu a integração das realidades descobertas numa linha temporal estremada entre os derradeiros momentos dos século XII (para os primeiros níveis ocupacionais detectados) e o século XIV (para a destruição/anulação da estrutura). Ou seja, o período histórico documentado na intervenção fixa-se, grosso modo, ao longo do século XIII, momento ainda insuficientemente conhecido ao nível dos contextos arqueológicos no núcleo urbano de Coimbra.
Ao interesse da cronologia dos vestígios, no quadro local, acresce a particularidade de estarmos perante um dos raros contextos medievais judaicos em território nacional, revelando no âmbito de uma intervenção de natureza arqueológica.
A determinação deste intervalo temporal, centrado na centúria de duzentos, assentou na análise do repertório cerâmico recuperado e na sua confrontação com um conjunto coerente de numismas integrados em contextos de proveniência significativos. Relativamente ao espólio numismático, o balizamento temporal ditado por terminus post quem é conferido por um dinheiro de D. Sancho II (1223-1248) associado ao segundo momento de ocupação da estrutura habitacional e um dinheiro de D. Afonso III (1248-1279) associado ao último momento ocupacional pré-abandono do edifício.
D. Sancho II
D.Afonso III
No que respeita ao material cerâmico de cronologia medieval, é possível, não obstante o seu modesto volume e elevado grau de fragmentação, tecer algumas considerações.
A reduzida expressividade numérica associada aos níveis mais antigos não permitiu vislumbrar uma evolução morfo-tipológica ao longo dos diferentes depósitos sedimentares. Aparentemente, não se regista, no decurso do intervalo temporal analisado uma evolução significativa no estilo perfil das peças identificadas.
Em segundo lugar o traço mais representativo do conjunto é a preponderância das produções de cerâmica local/regional (de chamado "barro vermelho") face aos raros exemplos de artefactos de importação, dentre os quais se realça a recuperação de um ataifor revestido a vidrado verde e de origem almóada ou tardo- almóada.
Em termos gerais, o conjunto reflecte um ambiente de proveniência de carácter modesto (pela raridade de itens considerados de luxo ou prestigio) consentâneo com uma unidade habitacional, aparentemente de natureza indistinta das demais contemporâneas.
Outra característica que importa realçar é a de um certo "conservadorismo" estético, ou melhor, da prevalência de uma tradição precedente, que se manifesta na subsistência da maior parte dos perfis e na aplicação de pintura a branco, nomeadamente a um leque considerável de recipientes fechados, de transporte e serviço de líquidos. Paralelamente à manutenção desta raiz de influência islâmica, assiste-se ao reforço da matriz setentrional, patente, a título de exemplo, na presença expressiva de decoração plástica sob a forma de cordões digitados aplicados aos mais variados tipos formais e funcionais.
Conjunto ilustrativo do lote cerâmico referido
Este fenómeno de multiculturalismo é tanto mais interessante quando consideramos a sua manifestação sob um fundo cultural judaico. Efectivamente, é este fundo sócio-cultural semita que temos maior dificuldade em identificar na produção artefactual reunida. Este dado interessante pode ser entendido num quadro em que a comunidade judia não disporia de uma baixela cerâmica exclusiva, partilhando com os restantes grupos étnicos/religiosos (cristãos, moçárabes e muçulmanos) os modelos de recipientes convencionados na tradição local.
Via: Gestão Participada do Gabinete para o Centro Histórico - Câmara Municipal de Coimbra (9 de Janeiro de 2012).