Com o Pessach a aproximar-se, é mais do que justo lembrar os nossos cripto-judeus, que arriscando as suas vidas e bens, mantiveram secretamente a identidade de uma fé e de um povo.
Esta oração de Pessach de cripto-judeus portugueses, foi recolhida no Museu Judaico de Belmonte, por Adriana Jacobsberg.
"A quatorze de lua
Do primeiro mez do anno
Parte o Povo do Egypto,
Israel meu ermano.
As cantigas que vão cantando
Ao Senhor vão louvando,
Onde nos trazes Moíses,
Aqui neste despovoado,
Onde não há pão nem lenha,
nem nunca pastou o gado ?
Louvamos ao alto, Senhor,
Que é o senhor do nosso cabo
Lá vem Moíses com a sua vara alçada,
A bater no mar selado.
Abriu-se o mar em doze carreiras,
Passará o meu povo em salvo.
O meu povo em salvo passou,
Para onde o Senhor mandou,
Por seu santo real mandado.
O Senhor criou quatro elementos:
Céu e terra, noite de dia.
Sendo tão concebidas,
Tão altos e tão subidas,
Todas quantas ellas são:
Aqui não há que negar,
Pode por e tirar,
Fazer almas tornar.
Pae nosso poderoso
Que nos haveis de perdoar,
Assim como perdoaste a el Rei David
O seu pecado de Bersabé,
Faça-nos, Senhor, tão grande mercê,
Perdoai-me também a mim
E a todo o povo de Israel,
Por onde for e viver.
Amem, Senhor.
Fonte: Revista Hineni, Comunidade Shalom, pág. 12 (Abril de 2010/Iyar 5770).