Portugueses no Ducado Luxemburguês em 1546
de António de Vasconcelos Nogueira, investigador na associação Amizade Portugal - Luxemburgo
Esta perspectiva leva-nos a reflectir sobre a presença de Portugueses no Luxemburgo. Um episódio histórico fala-nos de um incidente com mercadores e banqueiros judeus portugueses, provenientes de Antuérpia, na fronteira do Ducado do Luxemburgo, em 1546. O seu destino seria Colónia, na Alemanha. Estariam, portanto, em trânsito, visto que o imperador Carlos V, casado com D. Isabel de Portugal, Duque do Luxemburgo, pai e avô dos reis Filipes, de Espanha e Portugal, interditou a permanência nos seus domínios de mercadores e banqueiros protestantes, mas condescendeu no livre-trânsito aos portugueses, ainda que suspeitos de judaizarem, exercendo sobre eles medidas de controlo e tributação fiscal, para financiar a sua Corte e as campanhas militares em todo o seu Império.
Portanto, existe uma presença portuguesa nos Países Baixos, em meados de 1550, que é muito anterior ao fenómeno imigratório português dos anos 1960. Trata-se de uma elite de portugueses relacionados com a banca e o comércio das especiarias. Estabelecem uma rede global de trocas, através das suas empresas de tipo familiar e dos entrepostos ou principais praças financeiras, para a época. São mercadores e banqueiros judeus portugueses. Dão início à diáspora dos tempos modernos, não propriamente à imigração. São perseguidos por motivos religiosos e económicos. Pelo seu reduzido número, pelo seu estatuto e papel socioeconómico, distinguem-se da figura do imigrante português contemporâneo. São também os primeiros que por estas paragens circulam e exercem actividades.
de António de Vasconcelos Nogueira, investigador na associação Amizade Portugal - Luxemburgo