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segunda-feira, 11 de junho de 2012

A reconstrução económica em Portugal, após a revolta de 1640



A importância dos cristãos-novos neste mesmo processo


Ao terminar a primeira metade do século XVII, o panorama da economia portuguesa era bastante desolador.
Na agricultura, o contínuo mau aproveitamento dos solos e a má distribuição das culturas agrícolas, o latifúndio a sul do Tejo, mal explorado.
A nossa indústria mantinha os velhos hábitos dos regulamentos de trabalho, organizações rígidas e  por isso estagnadas, as "corporações" não permitiam a livre expansão de produtos e mercados, (a iniciativa e o empreendedorismo  há muito tinha desaparecido com a expulsão dos judeus em 1497).




Já o comércio sofria com a instabilidade do tráfego marítimo, devido aos assaltos e respectivas pilhagens em alto mar dos navios mercantes pelos corsários e piratas.




A Europa está também ela envolvida em guerra, (Guerras dos Trinta Anos).



A este estado  de decadência, juntam-se ainda outras circunstâncias: em 1640, nobres portugueses organizam uma revolta contra o ocupante espanhol, e declaram a independência do país. Este conflito prolongar-se-à até ao ano de 1668.
Com a "Guerra da Restauração", a mão-de-obra tão necessária para os diversos sectores da economia nacional, torna-se escassa, devido ao alistamento de homens nas fileiras do renascido exército português.




Em territórios ultramarinos, a defesa dos mesmos é uma constante contra os ataques traiçoeiros levados a cabo por holandeses, ingleses e franceses, que aumentam de intensidade nesta altura, exigindo ao estado um suporte de despesas permanentes em homens e dinheiro, o que consequentemente implicou um agravamento tremendo nas contas da fazenda nacional.




Portugal precisava urgentemente de reconstruir e de imediato a sua economia. O padre António Vieira, homem "esclarecido da época", foca isso mesmo ao defender a necessidade de recorrer aos cristãos-novos como auxilio. Vejamos uma carta do mesmo:



Carta dirigida a D. João IV de Portugal



 


"Enfim, Senhor, Portugal não se pode conservar sem muito dinheiro, e para o haver, não há meio mais eficaz que o comércio, e para o comércio não há outros homens de igual cabedal e indústria que os da nação (...)  Por falta de comércio se reduziu a grandeza e opulência de Portugal ao miserável estado e ao que Vossa Majestade o achou, e a Restauração do comércio é o caminho mais pronto de a restituir ao antigo e ainda feliz estado."






(Carta do padre António Vieira ao Rei D. João IV)



Efectivamente, para erguer a economia, Portugal  tenta inicialmente renovar o seu comércio marítimo, e com esse objectivo primordial, organiza-se o tráfego com o Brasil, na altura, o maior produtor de açúcar.
Na sequência deste renovar de objectivos, em 1649, cria-se a "Companhia do Brasil", cuja exploração em regime de monopólio é então entregue a comerciantes portugueses, (sobretudo cristãos-novos).
O principal objectivo destes comerciantes foi incrementar a recuperação açucareira e assegurar o transporte do açúcar em condições de segurança para a Europa.






Fonte: Damião Peres, "História de Portugal", IX vols.
            - História dos Descobrimentos Portugueses
                António Sérgio, "Breve Interpretação da História de Portugal"
Joel Serrão, - Em Torno das Condições Económicas de 1640