domingo, 12 de julho de 2015

Novo museu divulga 800 anos de história dos judeus no Porto




A divulgação da história de mais de 800 anos dos judeus no Porto é o grande objectivo do novo museu judaico da sinagoga Mekor Haim, que assistiu à primeira visita guiada pela mão do historiador Joel Cleto. 





Foto: Arq/Miguel Oliveira



“A cidade do Porto é feita de muitas gentes, diferentes culturas e filiações. Este é mais um museu de memória dos que fizeram a cidade”, começou por dizer o historiador, lembrando que “a presença dos judeus entre nós é mais antiga do que a nacionalidade”.





O capitão Barros Basto




As primeiras referências documentais da presença de judeus no Porto datam do século XII, altura em que existiu uma judiaria no coração da cidade, junto ao morro da Sé.


Desde muito cedo associados ao comércio, até porque certas actividades lhes estavam vedadas, os judeus concentraram-se na zona ribeirinha, perto de uma das portas da cidade “muito importante do ponto de vista comercial”, relatou Joel Cleto perante uma plateia de dezenas de convidados, como o ex-ministro Teixeira dos Santos, a eurodeputada Elisa Ferreira ou o vereador da Câmara do Porto Correia Fernandes.
A viagem no tempo passou pelo “terrível” século XIV durante o qual “se assistiu a uma grande perseguição de judeus”, atravessou as preocupações de D. João I, que decretou um afastamento da comunidade do Porto do resto da cidade e retratou o percurso de D. Manuel I que proibiu o culto judaico no país, levando muitos à conversão.


“Durante muitas décadas nada foi contado sobre esta história. Os portugueses sabem muito pouco sobre este povo e é essa situação que pretendemos alterar”, salientou Michael Rothwell, membro da Comunidade Israelita do Porto (CIP).


É no primeiro andar da sinagoga Kadoorie Mekor Haim, a maior da Península Ibérica, que está instalado o museu judaico da comunidade do Porto, fundada em 1923 pelo capitão Barros Basto e por judeus provenientes da Europa Central que residiam na cidade.


Numa das salas expositivas foi também recriada uma antiga Yeshivá (escola judaica) que existiu na sinagoga durante 6 anos e estão expostos vários objectos representativos da cultura judaica, como a menorá (candelabro de 7 braços símbolo do judaísmo), a chanukiá (candelabro de 9 braços usado no feriado do Chanuká ou Festa das Luzes), a mezuzá (pergaminho com mandamento da Torá) e o talit (xaile usado durante as preces).






Foto: Arq/Miguel Oliveira





“O museu judaico do Porto, erguido na única sinagoga da cidade com fundos próprios da comunidade judaica, não com dinheiro públicos, conta 800 anos de história dos judeus no Porto, respeitando a verdade histórica e as regras do judaísmo que temos o dever de preservar”, sublinhou o presidente da CIP, Dale Jeffries.


O museu está aberto de domingo a sexta-feira, das 9h30 às 17h30 e é recomendada a marcação de visita, até porque quase todos os dias há escolas a visitar a sinagoga que em 2014 recebeu cerca de 10.000 pessoas.





Fonte: www.porto24.pt



(Artigo enviado por Margarida Castro)