I
Ó alto Deus de Abraão,
Ó forte Deus de Israel!
Tu que ouviste a Daniel,
Ouve a minha oração.
Vós, Senhor, que vos pusestes
Lá em cima nas alturas,
Ouvi-me, a mim, pecador,
Que vos chamo das baixuras.
Pois a toda a criatura
Abristes o caminho da fonte,
Levantei ao céu meus olhos
Donde virá minha ajuda.
A minha ajuda virá
Do verdadeiro Senhor
Que fez o céu e a terra
E o mar e quanto há nela.
II
Ó meu Deus, governador!
Ouvi alto meu clamor,
Ouvi a minha oração
Que minha boca se não perca
Entregai-vos, Senhor, dela.
Não me metais em juízo
Pois tendes todo o poder.
Livrai-me da vossa ira
E tende-me de vossa mão.
Fernanda Guimarães e António Andrade, Carção – a capital do marranismo, 2008, pp. 57-58.
Fotografia retirada de: almocreve.blogs.sapo.pt