Hechal é para os judeus sefarditas o termo para o armário ou para a reentrância de uma parede, em direcção a Israel, onde se guardam os rolos da Torah (Sifrei Torah). Esta designação vem do hebraico הֵיכָל palácio, expressão utilizada nas diversas épocas do Templo de Jerusalém, para se referir ao santuário onde estava o Santo dos Santos.
Segundo alguns historiadores, após 1496/97, este tipo de "armários", quase sempre em pedra granítica, estavam situadas em casas particulares, usadas como sinagogas clandestinas e espalhadas de norte a sul de Portugal.
Da esquerda para a direita - Porto e Medelim.
Fotografias de Michael Milgrom/Genie Milgrom
Sepharad Jewish Heritage
Da esquerda para a direita - Castelo de Vide e Guarda.
Sepharad Jewish Heritage e Rede de Judiarias de Portugal
Vilar Maior - Sabugal.
Chamo a vossa particular atenção, que após o decreto de expulsão, os rolos sagrados que sobreviveram aos assaltos das judiarias foram levados para fora do país, ficando alguns textos e outros manuscritos de categoria menor, possivelmente utilizados e guardados neste tipo de "armário".
O facto que importa realçar, é que em quase todas as antigas judiarias deste país se pode encontrar este estilo de construção em pedra, curiosamente, alguns estavam escondidos por detrás de armários, cortinas ou paredes falsas, como o ocorrido no Porto.
Não sendo uma mera coincidência este dado, menos justificável é a argumentação de alguns, de estarmos perante algo relacionado apenas para a simples exposição de porcelanas caseiras.
Não sendo uma mera coincidência este dado, menos justificável é a argumentação de alguns, de estarmos perante algo relacionado apenas para a simples exposição de porcelanas caseiras.
Guarda.
Sepharad jewish Heritage
Da esquerda para a direita - Malhada Sorda - Almeida e S. Vicente de Pereira - Ovar.
Fotografias de Cina Santos e Jornal João Semana
Note-se no pormenor lindíssimo de como a pedra foi trabalhada em alguns destes "armários", e noutros, é curioso verificar que há marcas de cruzes, como que santificando o lugar. Estas marcas foram profusamente utilizadas pelos conversos e cripto-judeus, como símbolo da sua nova e assumida religião, ou então, para não levantar suspeitas a vizinhos e estranhos que pudessem aparecer nos seus lares.
Fontes: Sephard Jewish Heritage
Blogue Eterna Sefarad
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