Numa altura em que as atenções recaem sobre o ISIS e sua política de aniquilamento étnico e religioso levado a cabo no Iraque e na vizinha Síria, na África Ocidental, num país rico e influente como a Nigéria, o grupo extremista Boko Haram proclamou esta semana a criação de um califado na cidade de Gwoza, mesmo que o governo central desminta tal facto.
Estamos perante o recrudescer de conflitos e da desintegração de países como há muito não se via, e se na Nigéria o caso é grave, o que se pode dizer sobre a guerra sem quartel no Médio Oriente.
Vejamos alguns factos:
O designado Estado islâmico nasce do desentendimento com a antiga Al Qaeda no Iraque, devido a diferentes pontos de vista e suas prioridades locais e globais no que toca a objectivos terroristas.
Devido à intervenção militar dos EUA no Iraque e sua inábil política no desconhecimento daquilo que são as diversas comunidades religiosas iraquianas, houve como consequência disso um esvaziamento de poder, dando origem a que grupos armados xiitas e sunitas se gladiassem mutuamente, procurando ambas as facções disputar por intermédio do terror sectário algumas migalhas de território bem como na conquista de cadeiras parlamentares, condicionando assim a composição governamental, isto sempre à custa de milhares de mortos e na destruição de importantes infratruturas do país.
Al Maliki.
Bashar al-Assad.
Com a chegada ao poder de al Maliki, o primeiro-ministro pertencente à maioria xiita, o ressentimento sunita pela sua marginalização na política interna atinge o ponto de ruptura, e foi devido a essa mesma exclusão e do facto dos Estados Unidos se terem retirado do país, que os radicais liderados por al-Baghdadi, imbuídos de um enorme fanatismo religioso e fortemente moralizados pelas vitórias recentes em território sírio contra o regime de Bashar al-Assad, viram no Iraque enfraquecido uma porta escancarada para encetar a sua odiosa jihad contra os "infiéis", massacrando, convertendo e destruindo comunidades inteiras com séculos de permanência no país.
Combatentes do ISIS.
Actualmente, só os peshmergas curdos são uma oposição credível e suficientemente aguerrida para fazer frente no terreno contra esta horda de assassinos, bem financiados por magnatas oriundos de países do golfo pérsico.
Peshmergas.
Este tenebroso Estado do Levante, deseja que até 2020, o seu recente califado se estenda desde a Ásia Central à Península Ibérica.
Cabe ao mundo livre acabar com este pesadelo já...
Fotos: theguardian.com