A ocupação do território a que chamamos hoje Torres Vedras, dá-se em épocas já muito remotas. Celtas, romanos, mouros, cristãos e judeus, todos eles passaram por aqui, deixando para a posteridade a sua marca nesta região.
Povoação tomada em 1148 por D. Afonso Henriques, um ano depois foi entregue ao seu amigo D. Fuas Roupinho, nobre que construiu ou reformulou o pequeno castelo.
D. Afonso Henriques, postal da colecção de
figuras históricas.
Fotos de onomedasletras.blogspot.com
Torres Vedras recebeu foral do rei D. Afonso III (O Bolonhês), em 1250, teve feira a partir de D. Dinis, paço real e castelo.Teve judiaria na actual rua dos Celeiros de Stª Maria, e também nesta localidade em 1413, se decidiu a conquista de Ceuta.
Fotografia de Manuela Videira.
D. Afonso III.
Aqui foram reunidas as cortes no ano de 1441.
Torres Vedras viu nascer a 18 de Setembro de 1434, D. Leonor, filha do rei D. Duarte e futura imperatriz da Alemanha, casada com Federico III.
São oriundos também desta localidade, os rabis-mor de D. Dinis, D. Judah Guedelha e o seu filho D. Guedelha ben Judah.
A comunidade judaica aparece documentada na primeira metade do séc. XIII, embora possamos concluir que tenham chegado mais cedo com a reconquista cristã.
Com D. Dinis, os judeus torrienses obtiveram ganhos com lucros na compra e venda de propriedades, bem como de empréstimos de dinheiro a juros, algo que dominavam muito bem. Havia também artesãos e mesmo alguns camponeses, outros, dedicavam-se ao arrendamento de rendas régias.
Durante o reinado do rei poeta, (1279-1325) os judeus viram-se apertados em judiarias. Em Torres Vedras, sabe-se que a partir do rei D. Afonso IV, (1325-1357) há conhecimento de uma comuna judaica, embora se tenha uma referência relativamente ao ano de 1322, sobre um filho de um tal João Pais, habitante na "judiaria".
Só a partir do séc. XV é que a comuna judaica cresce em importância demográfica e económica. Na segunda metade deste século, têm dois cirurgiões e vinte e um mesteirais*.
1471 - Judas Laxorda, cirurgião de Torres Vedras.
1482 - José Mouçam, também ele cirurgião.
Rei D. João II.
Página do Almanach Perpetuum.
(O Almanach foi reeditado na cidade de Leiria em 1496.)
Tratado das Tordesilhas.
1492 - Denuncia da chancelaria real ao soberano português, sobre práticas nesta localidade de feitiçaria, levada a efeito por uma judia de nome Aviziboa.
1493 - A decisão desumana para com as crianças judias de origem castelhana, retiradas aos seus pais para colonização de S.Tomé, e ordenada por D. João II. Esta decisão foi tomada na localidade de Torres Vedras, no verão desse ano.
1493 - D. João II convocou uma audiência nesta
vila com o seu conselheiro pessoal, o célebre Abraão Zacuto, a fim de saberem dados sobre a chegada de Colombo à América e planear novas rotas mais rápidas e seguras para os
navegadores portugueses. (Zacuto já tinha feito o famoso "Almanach Perpetuum Celestium Motuum, entre 1473 e 1478).
Este encontro serviu também para elaborar as ideias do futuro Tratado das Tordesilhas, assinado em 1494 em Espanha.
*Mesteirais-designação de alguém que é artesão, pratica um ofício ou arte. Palavra oriunda do latim, ministerium,(função).
Na sociedade portuguesa de quinhentos, os mesteirais já teriam uma união corporativista, geralmente ligada aos cristãos-novos.
Curiosidades históricas...
Torres Vedras recebeu com pompa e circunstância por parte de D. João II, a embaixada do rei de Nápoles, e com D. Manuel, a da República de Veneza, isto no ano de 1496, o mesmo ano do decreto de expulsão dos judeus em Portugal.
Em 1808, derrota dos franceses nas batalhas da Roliça e do Vimeiro. O general Junot retira as suas tropas, sem contudo antes saquearem os conventos e igrejas da região.
1810-1812, dá-se a construção das Linhas de Torres, com a finalidade de defesa contra o exército napoleônico.
Fontes: www.redejudiariasportugal.com/index.php/pt/cidades/torres-vedras
servidormix.com/~redejudi/images/livros/a_judiaria_de_torres_vedras.pdf
www.arquivo-tvedras.pt/ficheiros/historia-torres-vedras-pdfs/26%20A%20Judiaria%20de%20Torres%20Vedras.pdf