Feliz
É minha intenção primordial fazer deste blog um repositório das tradições, costumes, factos e curiosidades sobre os judeus sefarditas em Portugal, e consequentemente também da restante Península Ibérica. Honremos sem complexos ou temores de qualquer ordem o nosso passado, para assim melhor conhecermos o presente e o nosso futuro, como pessoas e como nação.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Judiarias de cá
Judiaria de Alfama
Ainda hoje há historiadores que se dividem sobre as origens da fundação da Judiaria de Alfama.
Segundos alguns, o bairro judeu terá nascido durante o reinado do rei D. Fernando (1367-1383), já segundo outros, na época de D. Pedro I, (1357-1367).
A Judiaria de Alfama e respectiva sinagoga, situar-se-ia próximo da Torre de S. Pedro. O que se conhece sobre o templo hebraico, é que se tratava de um edifício constituído por quatro salas sobradadas e possuidor de um balcão que dava para o beco.
Parece que a sinagoga foi construída entre 1373 e
1374, como consta de uma sentença de D. Fernando. Os judeus por a terem
edificado sem consentimento régio, foram condenados ao pagamento de 50 libras
de ouro, com proibição de exercer culto dentro da mesma.
Esta judiaria foi fundada após a trágica investida do exército castelhano aos bairros judeus de Lisboa, em 1373.
Esta judiaria foi fundada após a trágica investida do exército castelhano aos bairros judeus de Lisboa, em 1373.
Fontes: Maria Júlia Fernandes, "Passos na Areia", pág. 50 e 51. Editora Contexto.
Comunidade Masorti de Lisboa e Freguesia de São Miguel - Lisboa
Fotos: Junta de Freguesia de São Miguel
domingo, 30 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
Sugestão
Museu de História dos Judeus - Girona
Esta cidade catalã foi durante a Idade Média um local de convergência e tolerância dos povos do livro (judeus, cristãos e muçulmanos), até 1391.
No bairro judeu (Call Jueu), existiu a primeira escola de cabalistas de toda a Península Ibérica, fundada no século XIII.
Actualmente há um museu dedicado à presença deste povo por terras de Girona.
Foto: biztravels.net/biztravels/museum.php
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
A Escada de Jacob - Pintura de Jelena Dorosev e Branislav Mihajlovic
Casa de Santa Maria - Cascais
Até dia 27 de Janeiro
Exposição conjunta de dois artistas sérvios radicados em Portugal há cerca de 20 anos.
A temática desta exposição foca os temas bíblicos e mitológicos, as emoções, lembranças e as recordações de um passado partilhado por ambos os artistas.
De Terça a Sexta das 10h00 às 17h00
Sábado e Domingo das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00
Encerra Segundas e feriados.
Informações: csm@cm-cascais.pt
Curiosidade
Fonte das Virtudes - Cidade do Porto
Passado
Passeio das Virtudes. Neste local faziam os judeus os seus enterros, denominando-se por isso o monte por "Jazigo dos Judeus".
Com a expulsão dos judeus no ano de 1496, o local foi arranjado e transformado em passeio público.
Presente
Via: monumentosdesaparecidos.blogspot.com/porto-sentido.blogs
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
Vestígios e memórias do passado
de A. E. Maia do Amaral
Antigo manuscrito hebraico - Um verdadeiro tesouro mundial
Manuscrito em pergaminho atribuível à escola de calígrafos de Lisboa, da segunda metade do século XV, raríssimo (conhecem-se pouco mais de 20 exemplares) porque a maioria destas bíblias, na Península, foram confiscadas e queimadas pela Inquisição. Não tem colophon (isto é, o local onde se inscrevem os dados do local, autor e data) que nos informe da sua data e do nome do seu autor.
Este exemplar tem as páginas iniciais inteiramente preenchidas com uma escrita micrográfica, de gosto mudéjar, a tinta castanha e ouro, semelhante a exemplares assinados pelo calígrafo Samuel Isaac de Medina, datados entre 1469 e 1490, e que se conservam na Palatina de Parma, em Cincinnati e em Oxford.
Faltando-lhe embora algumas características decorativas típicas da escola lisboeta (tarjas e iluminuras cor malva), tem anotações e pertences que a relacionam com a família Abravanel, de Lisboa e Sevilha. É, por isso, conhecida como a Bíblia de Abravanel.
de A. E. Maia do Amaral
sábado, 22 de dezembro de 2012
Sinagoga/Museu Hebraico de Tomar
A *Bimah entre as quatro colunas que representam simbolicamente as quatro matriarcas do povo judeu - Sara, Rebeca, Leah e Raquel
Entrada na Sinagoga/Museu
A *Bimah entre as quatro colunas que representam simbolicamente as quatro matriarcas do povo judeu - Sara, Rebeca, Leah e Raquel
Templo edificado entre 1430 e 1460, é ainda hoje considerada como a sinagoga mais bem conservada construída durante a Idade Média no nosso país.
Rua Dr Joaquim Jacinto, antiga Rua da Judiaria
Rua e janela na Judiaria de Tomar
Numa recente visita à sinagoga/museu, deparei com uma degradação a nível de paredes que me surpreendeu pela negativa. É simplesmente impensável e caricato para o turista que visita um monumento que é propriedade do estado português há 73 anos, observar a quantidade de fragmentos de argamassa soltos das paredes devido à humidade existente no espaço, resultante de uma falta de conservação do edifício, que se confirma de forma ainda mais grave ao entrarmos no anexo ao lado onde se situa o micvé.
Micvé
Aqui, o tecto está a cair de podre, dando uma imagem de desmazelo a um local que merece todo o nosso respeito pela história e significado nele envolvido.
Todo este espaço que é a antiga sinagoga de Tomar, Monumento Nacional desde o ano de 1921, símbolo maior da importância e do prestígio dos judeus na sociedade nabantina nos séculos XIV e XV, possuidor de um acervo museológico já de razoável valor patrimonial, e no entanto, carenciado no que toca a medidas de intervenção e de conservação.
Urge modificar este panorama, em defesa da memória e da dignidade do próprio espaço.
Lápide Funerária de Beja, século XIV
Réplica da lápide funerária de Espiche, Algarve, século VI ou VII
Lápide da Grande Sinagoga de Lisboa, século XIV
Aproveito para agradecer ao professor Jaime Rodrigues, guia local do monumento, pela narrativa histórica apresentada e que nos deliciou a todos. Um grande obrigado !!!
*Bimah ou Tebah para os judeus sefarditas
Fotografias de Rafael Baptista e Carlos Baptista
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Chamei de míopes...
Após o bombardeamento de um campo de palestinianos na Síria, o que resultou na morte de mais de duas dezenas de pessoas, a comunicação social portuguesa na sua grande maioria manteve-se silenciosa, demonstrando a sua miopia e indiferença perante um conflito que pouco ou nada lhe toca, excepto quando é Israel o interveniente, seja quando se defende de ataques vindos de Gaza, ou numa qualquer outra iniciativa militar levada a efeito pelo Tzahal.
Em suma, a questão da Palestina e do seu povo só tem realmente valor jornalístico para a imprensa nacional e estrangeira, quando de alguma forma o estado israelita está envolvido, caso contrário, o mundo árabe pode chacinar e deportar palestinianos que pouco impacto haverá nos jornais e nas aberturas noticiosas das televisões.
Chamei de míopes, não será o termo mais correcto ou abrangente, talvez criminosos, recordando assim a frase de Bertolt Brecht:
"Aqueles que falam o que não sabem, são idiotas, mas aqueles que sabem e nada dizem, são criminosos".
A carapuça servirá a quem quiser.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Sugestão
Para ouvir e ler, eis a sugestão da semana.
Estamos perante um livro-cd, que se apresenta com textos e ilustrações de uma época em que os judeus foram parte importante da cultura e da vida na sociedade aragonesa, deixando como legando uma riqueza patrimonial única na região, bem como em toda a Espanha.
Como parte integrante deste pequeno livro, os leitores poderão escutar algumas músicas de um repertório sefardita recolhido por musicólogos espanhóis.
Preço - 20 euros
Para ouvir e ler, eis a sugestão da semana.
ספרד
Coleção Sefaradi.avi
Sefarad foi e continuará a ser a grande inspiradora na composição de melodias tão belas como únicas, verdadeiros hinos que transbordam todo o nosso afecto a este território peninsular.
Sefarad, que representa o paraíso perdido no nosso inconsciente, uma metáfora do exílio, mas para onde se quer sempre voltar, como um útero inalcançável que garante carinho, esperança, protecção e felicidade.
sábado, 15 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
"Não sei quantas almas tenho"
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa