segunda-feira, 1 de outubro de 2012

KAMANCHEH


UM VIOLINO DA ÁSIA CENTRAL





     Há dias, a deambular pelo blog do meu amigo Carlos – Por Terras de Sefarad -, deparei com este vídeo. Fiquei encantada com a música, com o timbre do instrumento solista, com os intérpretes, enfim, com tudo. Nele a orquestra – Ashkelon Andalusian Orchestra de Israel -, dirigida pelo maestro Tom Cohen, acompanha o músico Mark Eliyahu, intérprete de kamancheh, um tipo de violino típico da Ásia Central. Pareceu-me, pois, apropriado escrever ente apontamento no Dia Internacional da Música.








Mark Eliyahu


     Mark Eliyahu, nasceu em 1982 na República do Daguestão, e cresceu numa família de tradição musical. Aos quatro anos de idade começou a estudar violino, continuando o estudo deste instrumento depois da família se ter mudado para Israel. Aos dezasseis anos, encorajado pelo pai, o compositor Piris Eliyahu, viajou para a Grécia com o objectivo de continuar os seus estudos musicais. Foi lá que ouviu o kamancheh, tendo então decidido viajar para o Azerbaijão, onde estudou este instrumento sob a orientação do mestre Adalat Vazirov.



KAMANCHEH






Kamancheh tradicional (3 cordas de seda)


     O kamancheh é um instrumento de cordas friccionadas, originário da Pérsia, e descende do rebab, um instrumento que se conhece desde o século VIII, associado à cultura islâmica e antecessor do moderno violino. O kamancheh tradicional tem três cordas de seda, ao contrário do moderno que tem quatro cordas de metal, e uma caixa de ressonância em madeira, em forma de cabaça, habitualmente coberta com uma membrana, que pode ser de pele de carneiro, bode e às vezes de peixe. A palavra kamancheh significa “pequeno arco” em persa (kæman, arco, e cheh, diminuitivo). É um instrumento muito popular na música clássica do Irão, Arménia, Azerbaijão, Uzbequistão e Turquemenistão.




Kamancheh moderno (4 cordas de metal)






Detalhe, Bahram Gur e a Princesa no Pavilhão Vermelho, Irão, período safávida, c. 1560



    Nesta pintura do século XVI, que descreve uma festa na corte do rei persa Bahram Gur (421-438), podemos observar, da esquerda para a direita, o daf (percussão de pele), uma harpa arqueada, o kamancheh e o santur persa (semelhante ao saltério na Europa).





Executante de kamancheh, desenho a carvão, 1996, Mehrdad Jamshidi, Irão


Dia Internacional da Música


O Dia Internacional da Música foi proposto pelo grande músico e violinista Yehudi Menuhin, na altura Presidente do Conselho Internacional da Música (International Music Council). Foi celebrado pela primeira vez a 1 de Outubro de 1975 e são seus objetivos:
«-a promoção da arte musical em todos os sectores da sociedade;
- a aplicação dos ideais da UNESCO de paz e amizade entre os povos;
-a evolução das culturas, a partilha de experiências e a apreciação mútua dos diversos valores estéticos (...É justamente neste espírito, que fechamos com uma canção da antiga Pérsia, mais concretamente do Afeganistão – Laili Djân. A gravação pertence ao CD Orient – Occident, do grupo Hespèrion XXI, sob a direcção de Jordi Savall. Os músicos desta faixa são: Khaled Ahrman (rebab), Osman Ahrman (tulak), Dimitris Psonis (santur), Driss al Maloumi (alaúde), Siar Hashimi (dardouka), Pedro Esteban (pandeireta).






Com um especial agradecimento à minha amiga

Sónia Craveiro,
que me ofertou este magnífico artigo.


Fontes: