sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sugestão literária








"Espiões em Portugal durante a 
II Guerra Mundial", da historiadora Irene Pimentel.


 Esfera dos Livros




Herança Judaica nos Açores.






Foto do Jornalacores9.net



A longa luta para salvar a Sinagoga de Ponta Delgada

Entrevista com José de Almeida Mello



Por Carolina Matos (*)


O historiador José de Almeida Mello é o bibliotecário responsável pela Biblioteca Municipal de Ponta Delgada e o adido cultural da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Em 2003, a Comunidade Israelita de Lisboa nomeou-o coordenador da Comissão para a Restauração da Sinagoga dos Açores para supervisionar o projecto de renovação e conservação da Sinagoga Sabar Hassamain de Ponta Delgada.






A Sinagoga Sahar Hassamain é a única Sinagoga ainda existente no arquipélago e a mais velha das restantes sinagogas de Portugal. Foi estabelecida por volta de 1820, por um grupo de empresários judeus que migraram com suas famílias de Marrocos e se estabeleceram na ilha de São Miguel, no início do século XIX.






A Sinagoga Sahar Hassamain em Ponta Delgada.


Nessa altura a ilha de São Miguel chegou a acolher quatro sinagogas em Ponta Delgada e uma em Vila Franca do Campo. Havia também um cemitério judeu na ilha e jazidas adicionais em São Miguel, Terceira, Faial e na ilha Graciosa.


A Sinagoga Sabar Hassamain foi consagrada por Abraão Bensaúde em 1836, e abandonada na década de 1950, após os últimos membros da comunidade judaica residente terem deixado a ilha. O último serviço religioso na Sinagoga teve lugar em 1966 com um grupo de soldados judeus estacionados na Base Militar dos EUA nas Lajes, na ilha Terceira, onde celebraram Yom Kippur.

Provisoriamente propriedade da Comunidade Israelita de Lisboa, o edifício está agora no processo de transferir a sua propriedade para a Câmara Municipal de Ponta Delgada para ser recuperado e transformado num espaço público.


O projecto de recuperação é o culminar de 30 anos de esforços para salvar a Sinagoga e preservar o legado judaico nos Açores. Nos últimos 15 anos, a Comissão para a Restauração da Sinagoga dos Açores tem trabalhado activamente para avançar com o processo. A iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Ponta Delgada, com a comunidade local e a Comunidade Israelita de Lisboa, e nos Estados Unidos com a comunidade açoriana imigrante e a Harvard University.


José de Almeida Mello, um prolífico autor de variados livros e monografias, publicou Sahar Hassamain Sinagoga de Ponta Delgada (2009) um livro que conta a história da Sinagoga e fala da importância de preservar o legado judaico nos Açores.





Historiador José Almeida de Mello


Nesta entrevista para o Portuguese American Journal, Mello descreve o longo processo para salvar esse legado e fala das pessoas que se envolveram no esforço para inscrever a experiência judaica nos Açores, no contexto da história.


O que se sabe sobre a presença judaica nos Açores?


Falta-nos um estudo exaustivo relativamente à presença judaica nos Açores, mas sabemos que, com base em várias referências, muitos açorianos têm antepassados judeus. Sabemos, é um fato, que logo após os Açores terem sido descobertos pelos portugueses no século XV, muitas famílias judaicas se fixaram nas ilhas entre os muitos perseguidos pela Inquisição. Quantos eram e o que lhes terá acontecido precisa ser pesquisado. Um dos principais objectivos do projecto de restauração da Sinagoga é pesquisar o legado judaico nos Açores a partir do século XV, até à sua presença mais recente nos séculos XIX e XX.


Uma comunidade judaica estabeleceu-se nos Açores após 1818. Quem era essas pessoas?


Eram um grupo de industriais e comerciantes de Marrocos de origem sefardita e que falavam árabe marroquino e ladino. Os nomes de família, para citar apenas alguns, eram Bensaúde, Buzaglo, Aflalo, Amiel, Absdid, Zafrany, Abecassis, Adrahi, Benayon, Matana, Semtob, Bensliman e Delmar.


Como é que a comunidade judaica foi recebida nos Açores?


Devo dizer que nem sempre foram bem-vindos. Não com base na sua fé, mas porque eram comerciantes astutos que concorriam com o comércio local. No que refere à religião, na altura da sua fixação uma lei constitucional em Portugal proibia o estabelecimento de outras denominações religiosas que não fosse a Igreja Católica. Isto pode explicar o fato da Sinagoga de Ponta Delgada ter sido construída dentro de um edifício, numa residência, escondida do público.


Entretanto, entre 1820 e 1826, Portugal viveu a Revolução Liberal que concedeu liberdade religiosa. Após o liberalismo se estabelecer, a comunidade judaica em Portugal, os Açores incluídos, obteve liberdade religiosa. O mesmo aconteceu com outras denominações religiosas, como a Igreja Anglicana, que existiu retirada do público mas que após o liberalismo gozou igualmente da liberdade religiosa.


A comunidade judaica expandiu e prosperou nos Açores durante mais de um século, mas depois desapareceu. O que aconteceu?


A comunidade judaica nos Açores nos séculos XIX e XX era pequena. Porque as ilhas estão geograficamente afastadas, progressivamente essas famílias judaicas optaram por se fixar em Portugal Continental e outros países. Alguns casaram fora da religião, converteram-se ao catolicismo e foram assimilados na sociedade. Actualmente, apenas um indivíduo nos Açores, Jorge Delmar Soares, afirma professar a fé judaica. No entanto, os descendentes dessas famílias ainda têm uma forte ligação aos Açores. Um exemplo é a família Bensaúde, donos do Grupo Bensaúde fundado em 1820, que ainda hoje é o maior grupo económico nos Açores e um dos maiores grupos económicos em Portugal.


Qual é a importância do legado judaico?






A presença judaica faz parte da nossa memória colectiva, tanto da comunidade judaica como da comunidade açoriana. Apesar de serem um grupo pequeno, de cerca de 200 indivíduos, foram muito activos em várias ilhas onde estabeleceram as suas empresas, mantiveram as suas tradições e praticaram a sua religião. Eles geraram também uma enorme riqueza e deixaram um importante legado cultural. A Sinagoga, os documentos e artefactos deixados para trás, juntamente com os cemitérios, são referências culturais relevantes tanto para a história dos judeus como para as comunidades locais.


Quando foi que se envolveu neste processo?


Em 2000, durante uma viagem a New Bedford para visitar minha avó, fui contactado por Alfredo Alves de Fall River. Não o conhecia e nunca tinha ouvido falar da Sinagoga de Ponta Delgada. Tinha acabado de me formar pela Universidade dos Açores, com uma licenciatura em História, e estava à procura do meu primeiro emprego. Em 1980, Alfredo Alves foi co-fundador do primeiro grupo formado nos Estados Unidos para se recuperar da Sinagoga. Ele expressou-me a sua frustração e a preocupação com o estado de abandono da Sinagoga e pediu-me para me envolver. Eu disse-lhe que não estava em posição de ajudar.


No entanto, duas semanas depois, consegui o meu primeiro emprego como o adido cultural da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Uma das minhas primeiras iniciativas foi a visitar o local onde fiquei chocado com o estado de decadência que encontrei e resolvi tomar a iniciativa. Primeiro, entrei em contacto com os meios de comunicação locais para sensibilizar a opinião pública para a situação. A seguir, procurei conseguir apoio financeiro para estabilizar o processo de decadência.


Graças à generosidade do Dr. António Castro Freire, um membro da família Bensaúde, Christiane von Frefrau Schurbein, uma cidadã alemã residente em Ponta Delgada, e do Grupo Marques, uma empresa de construção local, o prédio recebeu um novo telhado, novas janelas, portas e uma pintura exterior.


Por mais de 30 anos foram feitas várias tentativas para salvar a Sinagoga e o legado judaico nos Açores. Quem mais se envolveu neste esforço?


A primeira tentativa foi feita em 1980, por um grupo formado em Fall River, Massachusetts. Em 1988, o grupo criou a Azores Synagogue Restoration Committee  com o objectivo de angariar fundos para recuperação da Sinagoga,  mas o seu objectivo nunca foi materializado. Em 2003, depois da Comunidade Israelita de Lisboa se envolver no processo, um novo grupo, o foi formado em Ponta Delgada. Fui nomeado o coordenador desse comité, encarregado do projecto de recuperação da Sinagoga. Outros membros incluíam Fátima Sequeira Dias, Jorge Delmar Soares, Isabel Albergaria, e António Bensaúde Castro Freire.


O primeiro passo, da Comissão para a Restauração da Sinagoga dos Açores foi iniciar a transferência da propriedade da Comunidade Israelita de Lisboa, para a Câmara Municipal de Ponta Delgada. Dai resultou que em 2009 a cidade ganhou uma concessão de 99 anos sobre o prédio em troca de providenciar fundos para a sua renovação. Como parte do esforço de recuperação, em 2009, publiquei o livro, Sahar Hassamain Sinagoga de Ponta Delgada, disponível em inglês e português.


Em 2012, fui também co-fundador da Associação Cultural Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada com Jorge Delmar Soares e Nuno Bettencourt. Cerca de 115 pessoas foram então convidadas a aderir, a nível local, nacional e internacional, com o objectivo de assegurar uma ampla base de apoio ao esforço de recuperação da Sinagoga. Também em 2012, a organização irmã, Azorean-Jewish Heritage Foundation, foi criada em Massachusetts, presidida por Gideon Gradman, o tesoureiro Donald Berube, a secretária Lisa Rosen e os directores Paula Raposa, Michael J. Rodrigues, Robert Waxler e Pedro Amaral. O objectivo é apoiar o projecto de recuperação por meio da angariação de fundos nos Estados Unidos.


Por que demorou tanto tempo a organizar o projecto de recuperação?






Durante muito tempo não era claro quem eram os proprietários do prédio. Isto criou uma questão jurídica combinada com falta de liderança e falta de vontade política. Somente após a Comunidade Israelita de Lisboa ter assegurado o título da propriedade, foi possível estabelecer uma parceria com a Câmara Municipal de Ponta Delgada.


Devo dizer que o impasse criou um longo período de abandono ao qual o público não ficou indiferente. Entre aqueles que manifestaram a sua preocupação e tomaram medidas esteve o jornalista António Valdemar e a historiadora Fátima Sequeira Dias. Foram eles que mantiveram o público informado e alertaram para a relevância histórica do legado cultural judaico nos Açores e para a importância de preservar esse legado.






Eu fui uma das pessoas que foram alertadas. Cheguei a estar tão preocupado que decidi intervir por iniciativa própria. Passei inúmeros dias, muitas horas, varrendo e limpando o pó e recolhendo material deixado em caixotes, arcas e no lixo. Recolhi e guardei dezenas de itens para serem estudados e catalogados.








Também organizei visitas guiadas ao local com turistas, estudantes e pesquisadores. Em 2010, organizei uma exposição na Biblioteca Municipal de Ponta Delgada onde foi exibida uma variedade de itens encontrados no local. O objectivo foi de alertar o público para a importância de salvar o nosso legado cultural judaico.









Pode descrever o local ? O que é que encontrou?






A Sinagoga está encoberta dentro das paredes de um edifício situado na Rua do Brum 16, no centro de Ponta Delgada. Por fora, o edifício parece-se muito com uma habitação típica de uma família açoriana do século XIX. Mas no interior tinha múltiplas finalidades. Servia de residência privada do rabino, funcionava como centro comunitário e abrigava a Sinagoga. O centro comunitário oferecia aulas de arte, aulas de hebraico e aulas de Torá. A Sinagoga ocupava uma grande área rectangular, bem iluminada por duas janelas voltadas a norte. Ali tinham lugar os serviços religiosos, os rituais fúnebres, os casamentos e as circuncisões.


O Santuário é muito bonito, com a Arca e pódio, e duas fileiras de cadeiras laterais. Foram encontradas duas arcas cheias de uma mistura de manuscritos hebraicos, livros, roupas e objectos pessoais. Infelizmente, alguns móveis e alguma madeira foram contaminados com térmitas. A área também está infestada por ratos, aranhas, baratas e traças. A pedido do Dr. Joshua Ruah, da Comunidade Israelita de Lisboa, alguns móveis e artefactos religiosos foram removidos temporariamente; especificamente os quatro Sifrei Torah, dois vasos cerimoniais, a cadeira de circuncisão e dois candelabros.






O seu livro, Sinagoga Sahar Hassamain de Ponta Delgada, é um livro que conta toda esta história. Por que o escreveu?



Escrevi o livro na altura em que aqueles que se tinham envolvido se sentiam desanimados. O objectivo era contar a história Sinagoga, ilustrar o estado de decadência do prédio e chamar a atenção para o perigo iminente de perder o valioso legado cultura. O lançamento do livro foi um SOS urgente e também um apelo para que se tomassem medidas. Pessoalmente, estava prestes a desistir do projecto quando o evento ocorreu a 13 de Março de 2009, simbolicamente no Hotel Marina Atlântico, propriedade do Grupo Bensaúde.


Numa reunião que tivemos naquele dia, eu disse que estava pronto a devolver as chaves e sair do projecto se não se tomassem medidas. Foi um ponto de viragem. Lembro-me do momento em que se formou o consenso. Eram seis horas da tarde, quando todos concordarmos que a Sinagoga seria salva. Foi um momento histórico, com todas as forças a convergirem no esforço comum para avançar com o projecto.


Logo a seguir, teve lugar num encontro entre a ex-presidente da Câmara, Berta Cabral, e José Carp, da Comunidade Israelita de Lisboa. Um memorando de entendimento foi elaborado para transferir a propriedade do edifício da Comunidade Israelita de Lisboa para a Câmara Municipal de Ponta Delgada. Foi acordado que a Câmara iria liderar o projecto de recuperação com o objectivo de transformar a Sinagoga num espaço público. Desde então, temos feito muito progresso. Devo reiterar que o livro foi publicado gratuitamente, pela Nova Gráfica de Ponta Delgada, e que as receitas vão para o fundo de recuperação Sinagoga.


Pode descrever o projeto de renovação?


O principal objectivo é preservar o valor histórico da memória comum partilhada tanto pela comunidade açoriana como pela comunidade judaica. O plano é recuperar o prédio, restaurar o Santuário e criar um museu para preservar a herança cultural encontrada no local. Um centro de interpretação do legado judaico nos Açores será criado juntamente com uma exposição permanente, um arquivo e uma biblioteca incluindo uma colecção particular doada por Patrícia Bensaúde. Este espaço irá fazer parte do património cultural da Câmara Municipal de Ponta Delgada.


Como tem progredido o projeto de renovação?


Os últimos inquilinos deixaram o prédio na década de 1950. Em 2003, após mais de 50 anos de abandono, alguns trabalhos de manutenção foram feitos para estabilizar o edifício. Actualmente estamos a reunir os esforços das duas organizações irmãs formadas nos Açores e nos Estados Unidos com instituições públicas e privadas de ambos os países.


Em parceria com a Câmara de Ponta Delgada e a Comunidade Israelita de Lisboa, estamos a elaborar um plano de recuperação que inclui angariação de fundos, desenvolver o conceito do museu, catalogar o inventário e reconstruir. O processo já começou e está a progredir bem. A angariação de fundos está neste momento a crescer. O arquitecto açoriano, Igor França, é o responsável pelos detalhes do projeto de renovação. Através do esforço do Senador de Massachusetts, Michael Rodrigues, especialistas do Centro de Estudos Judaicos, da Harvard University, já se comprometeram a avaliar, identificar e catalogar o inventário.




Exposição na Biblioteca Municipal de Ponta Delgada



Quando é que o projeto fica concluído?


Esperemos que, se tudo correr conforme o planeado, o projeto seja concluído até o final de 2014 ou no início de 2015. Será uma ocasião especial, um dia de glória para todos os amigos da Sinagoga Sahar Hassamain de Ponta Delgada. Será um momento memorável na nossa história comum, honrar e celebrar a herança cultural judaica nos Açores.





Quem deve ser contactado para questões relacionadas com donativos on-line?



Para obter informações sobre como contribuir com donativos para a restauração da Sinagoga Sahar Hassamain podem contactar-me directamente, josemello@lmpdelgada.pt, ou entrando em contacto com Pedro Amaral, pedro.amaral @ masenate.gov, através do escritório do Senador Massachusetts Michael Rodrigues. Tanto Pedro Amaral como o Senador Michael Rodrigues são membros da Azorean-Jewish Heritage Foundation, e dos Amigos da Sinagoga de Ponta Delgada.


 Será que a Sinagoga Sahar Hassamain Sinagoga de Ponta Delgada vai fazer parte do recém-criado projecto Sefarad Route dedicado a revitalizar os locais históricos judaicos em Portugal?



O projecto Sefarad Route foi lançado em Portugal em parceria com a Espanha e um grupo com sede na Noruega com a missão de atrair turistas da diáspora judaica interessados em visitar locais históricos judaicos em Portugal. Com o apoio dos nossos parceiros, a Comunidade Israelita de Lisboa, esperamos poder incluir Ponta Delgada na rede de cidades com presença judaica em Portugal.





Foto retirada do blogue Dias que Voam






(*) Carolina Matos é a fundadora e directora do Portuguese American Journal on-line. De 1985 a 1995 foi directora do mesmo jornal em edição impressa. De 1995 a 2010, foi consultora da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Carolina Matos detém uma Licenciatura e um Mestrado em Inglês e Educação pela Brown University (EUA) e um doutoramento em Educação pela Lesley University (EUA).



Ver restantes fotografias no site da fonte deste artigo, que 
 foram gentileza da Biblioteca Municipal de Ponta Delgada. 



http://portuguese-american-journal.com/almeida-mello-the-plight-to-save-the-jewish-legacy-of-the-azores-interview/?show=gallery






Via: Blogue Eterna Sefarad



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Estamos em vésperas...







(Pintura de Barbara Berney)




Estamos em vésperas de mais uma festividade judaica, amanhã, começa o Chanukah. 


Festa das Luzes, literalmente, "Inauguração". Esta festa recebeu o nome em comemoração do facto histórico da vitória dos macabeus sobre a ocupação greco-síria de Antíoco IV, restaurando o Templo Sagrado profanado pelos invasores, no ano de 168 a.e.c.
A origem desta revolta de patriotas judeus, foi devido a Antíoco, que dominava a Judeia, obrigar os judeus a aceitarem a cultura helenística, proibindo o cumprimento das mitzvoth (preceitos) da Torah e forçando a prática da idolatria pagã. 
Apesar da diferença entre exércitos, os revoltosos judeus (em menor número), liderados primeiro por Matatias e posteriormente pelo seu filho Judah,  impuseram uma grande derrota ao inimigo em 165 a.e.c.





"Judas Macabeu lidera os israelitas na batalha". 
Garvura de Merian Matthaeus, datada de 1630.



O Templo, violado pelos rituais estrangeiros, voltou novamente a ser purificado e consagrado e a menorah (candelabro de braços), foi reacendida com o azeite puro descoberto no Templo.






Porém, a quantidade de azeite encontrado era escasso, duraria apenas para um dia, mas "milagrosamente" durou 8 longos dias, dando tempo para que um novo óleo fosse produzido e trazido ao Templo.



Uma das mitzvoth desta festa é a divulgação do milagre de Chanukah, colocando o candelabro da festa (chanukiah) numa janela, para ser bem vísivel do lado de fora.





Nomes de judeus de Alcácer‏ (Parte II)‏





Continuação dos nomes de judeus de Alcácer do Sal, referenciados nas Chancelarias do rei Afonso V de Portugal.






1456 - Maçoude; Salomão  (gibiteiro, casado com Rina Judia. Recebe licença régia em 1456, para poder negociar bens com cristãos e no ano de 1462, compra com a sua mulher uma casa de morada e um pelame na Ribeira que, em 1475, acabam por vender).


1456 - Levi; Abraão  (já falecido nesta data. Foi casado com Lediça).

1459 - Samuel; Judeu  (figura numa confrontação de uma vinha).


1463 - Navarro; Gomes Martins  (casado com Branca Eanes - surgem designados como bons "cristãos" na documentação. É  muito possível que estejamos perante um judeu convertido. 
Já tinha falecido em 1471).


1463 - Neemias; Isaac  (traz aforadas umas casas da Ordem de Santiago na vila. Figura numa confrontação de um pardieiro, no ano de 1471.


1463 - Bentes; Afonso  (figura como testemunha).

1467 - Neemias; Samuel.

1472 - Moisés Abet  (Mousem Abite - mercador).

1476 - José Moisés  (Jossepe Mousem - escrivão da comuna dos judeus de Alcácer). 


1477 - Negro; Samuel  (sogro de Abraão Talavi).
Talavi, casado com Dona Judia, filha de Samuel Negro. O casal vendeu uma vinha na Telhada  que tinham recebido por dote de casamento).


1480 -  Rodrigo; Mestre  (será o mesmo que foi cirurgião do infante D. João e que, em 2 de Dezembro de 1456, consegue carta de cirurgião para o seu sobrinho Mestre Afonso ? - Sousa Viterbo, Notícias sobre alguns médicos portuguezes ou que exerceram a sua profissão em Portugal, sep. do Jornal das Sociedades Médicas de Lisboa - Imprensa Nacional, 1893, pág. 157).


            Alcofinha; Judeu  (possui casas na Ribeira que surgem em confrontações).

            Joane; Mestre.

            José  (Jossepe - traz aforadas uma casas da Ordem de Santiago, na Ribeira).

            Mael; Faim.
            Lázaro; Judeu.


            Latão; Moisés  (criado de El-Rei. A Ordem de Santiago concedeu-lhe, em sesmaria, uns sapais e uma lezíria no termo de Alcácer do Sal, no lugar de Refaxo).


   1487 - Afonso; Mestre  (aparece como testemunha. Em 1492, volta a figurar como testemunha).



(Fim da lista de nomes)






Fonte:  "Judiarias, Judeus e Judaísmo", (A presença judaica em Alcácer do Sal - Maria Teresa Lopes Pereira, página 193 e seguintes). 
Edições Colibri.



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Poemas de Abraham ben Ezra









Abraham ben Ezra, un judío sefardí (y andalusí). 
Viajero a Roma, Francia e Inglaterra. Escritor. Poeta.
Dos curiosos poemas: 
el primero señala al estúpido.



"Si temprano a casa del poderoso me dirijo,
me dicen: se ha ido a cabalgar;
si por la noche vuelvo,
me explican: duerme ya.
O sube a la carroza,
o sube al lecho.
¡Ay del hombre miserable,
nacido sin estrella!


El segundo poema insta a la acción.


Levanta perezoso, ¿hasta cuándo dormirás?
Mira la hormiga que recoge grano;
no he visto ningún gato dormido
que se le metan los ratones en la boca.




Via: Casa Maimónides


(Enviado por Jaime Murilo)



Provérbio árabe








"Não declares que as estrelas estão mortas
 só porque o céu está nublado".




sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Exposição em Girona







"La Girona Jueva"


Uma exposição  sobre a Girona medieval, até dia 30 de Março de 2014. 

 Museu de História dels Jueus
Girona - Espanha 


Via: 
Patronat Call de Girona






quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Nomes de judeus de Alcácer‏ (Parte I)







Os nomes que se seguem, correspondem apenas e só a uma pequena amostra da população de origem hebraica, residente em Alcácer na época tardo medieval.

São referenciados alguns homens e mulheres que, pelos mais variados motivos, recorreram aos poderes instituídos e, cuja memória perdurou até aos dias actuais.

Outros, terão ficado desconhecidos, embora tenham habitado locais como o Castelo e a zona ribeirinha de Alcácer.




Castelo de Alcácer do Sal.





Alcácer banhada pelo rio Sado.


 (Nesta localidade nasceu em 1502,  o grande matemático Pedro Nunes).   


Apelidos e nomes próprios dos judeus de Alcácer do Sal, durante os séculos XIV e XV.


Século XIV (três nomes apenas)


1319 - Negro; Estevão  (possuíra uma venda).
1327 - Navarro, Estevão  (aparece como testemunha).
1346 - Estevão; Mestre  (cirurgião).


Século XV


1426 - Vivas; Moisés  (casado com Jamila).
           Maiz; Paçam  (aparece também como testemunha).
           Bentes; Gonçalo.

1437 - Caldeirão; Faim  (casado com Ester).

1439 - De Alcácer; José Pinto, judeu  (Chancelaria de D. Duarte, volume I, tomo II, (1435 - 1438).
           Negro; Judas  (ferreiro, casado, adquiriu uma vinha na Talhada. Em 1465 já tinha falecido).

1441 - Lázaro; Judeu
           Levi; Abraão  (surge como testemunha).
           Neemias; Salomão  (compra umas casas na praça da vila). 

1442 - Bacoa; Sem Tob  (mercador -  Chancelaria de Afonso V). *
           Bacoa; Meir  (mercador - Chancelaria de Afonso V). *
           Cohen; Salomão  (mercador).
           Moisés; José  (mercador). *
           Guedelha; Moisés  (alfaiate). *
           Leão; Meir de  (alfaiate). *
           Negro; Abraão  (alfaiate)  *
           Veniste; José  (alfaiate)
           Vivas; Meir  (alfaiate).
           Negro; Samuel  (ferreiro).


* Chancelaria de D. Afonso V, liv. 23.


1443 - Faim; Judeu  (casas confinadas com as do Mestre Martinho no arrebalde de Alcácer - Ribeira).
1449 - Negro; Moisés  (alfaiate).
1450 - Beiçudo; Moisés  (ferrador - recebe carta de privilégio do rei). *


* Chancelaria de D. Afonso V,  livro 3.


1455 - Abet; Moisés  (mercador - ainda vivo em 1472, quando recebe licença do rei para andar em besta). *
           Meir; Haim  (mercador). *
           Alon; José  (alfaiate).  *
           Negro; Isaac  (alfaiate). *


* Chancelaria de D. Afonso V, livro 15.





Imagens retiradas de: www. portugalvirtual.pt

 Fonte: do livro "Judiarias, Judeus e Judaísmo", (A presença judaica em Alcácer do Sal - Maria Teresa Lopes Pereira, página 193 e seguintes). 
Edições Colibri.